Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 27 de novembro de 2007

PL, in "Correio do Vouga" - 07.11.27

Até ao fim

A experiência de vida de cada um estará com toda a certeza repleta de momentos de encontro e reencontro com pessoas que marcam a história de um lugar, de uma cidade, da comunidade, porque são pessoas fora do comum (na ousadia, na dedicação, nos horizontes que desafiam os outros a vislumbrar). Depois, conforme a experiência, a natureza do serviço, a fé, a diversidade da pertença e do altruísmo, serão, para a eternidade, santos, filantropos, bem feitores, etc. O Concelho de Ílhavo acaba de viver, na solidariedade social, um desses momentos raros que deixam rasto indelével em todos os que cruzaram com a Dra Maria José Senos da Fonseca Picado, a fundadora do CASCI. Uma Mulher para a eternidade!
O CASCI é uma IPSS fundada em 1980 por um grupo de cidadãos interessados na resolução dos problemas dos grupos sociais mais desfavorecidos. Com o passar dos anos essa estrutura foi crescendo, conquistou parceiros e alargou o raio de intervenção. Hoje, presta atendimento a mais de 750 utentes provenientes do concelho de Ílhavo e dos concelhos de Aveiro e Vagos e conta com o financiamento do Ministério do Emprego e Segurança Social e do Ministério da Educação, além do apoio proveniente de organizações estrangeiras e particulares. A este junta-se ainda o auto-financiamento, através da venda dos produtos realizados nas suas unidades produtivas.
As valências do CASCI espalham-se pela Costa Nova (Centro de Infância com creche, jardim-de-infância e ATL, Departamento de Educação Social, Centro de Reabilitação e Formação Profissional para pessoas com deficiência e Centro de Apoio Ocupacional para pessoas com deficiências graves), Barra (Centro de Infância com creche, jardim-de-infância e ATL), Colónia Agrícola (Centro de Reabilitação e Formação Profissional da Gafanha para pessoas deficientes) e Ílhavo (Centro de Infância com jardim infantil, ATL e escola de educação especial, Residencial para pessoas da 3.ª Idade e Residencial para crianças e jovens portadores de deficiência grave).
A Dra Maria José foi de uma dedicação extrema… até ao fim!

sábado, 24 de novembro de 2007

PL, in "Correio do Vouga" - 07.10.24

Ex-falta!

A falta que faz uma falta!?
Está a ser notícia o debate que a Assembleia da República produziu sobre o Estatuto do Aluno do Ensino Não-Superior, sobretudo no que concerne às consequências das faltas injustificadas (artigo 22 do Projecto aprovado em Conselho de Ministros, em Abril). Até agora, como no texto citado, as faltas injustificadas podem conduzir à retenção do aluno. Agora surge a hipótese de não suceder assim, o aluno, grosso modo nas mesmas circunstâncias como o define a lei actual (Lei 30/2002, de 20 de Dezembro), fará uma prova de equivalência à frequência e continuará o seu percurso.
Vantagens e desvantagens:
A contradição com o todo fundamental na vida escolar; a reflexão, a ordenação, a sistematização, o dinamismo do processo educativo-pedagógico. Isto é, a pedagogia, o acompanhamento e reconhecimento (do outro, dos saberes, das relações,…) e a responsabilização e compromissos em grupo, em sociedade. A ausência, a desconcentração na exigência, tão férteis entre nós portugueses, vão ganhar cidadania já nos bancos da escola!

Depois, ainda há a prova?! E se o aluno resolve faltar? Haverá outra, com certeza! E assim sucessivamente até ao final do ano. Por fim, é provável que venha a transitar de ano na mesma, com dois ou três planos (de recuperação, de acompanhamento,…), ou seja encaminhado, por falta de interesse ou pré-requisitos, para algum currículo alternativo ou novas oportunidades – o que não é desejável.

É verdade que o permissivismo não é sinónimo de responsabilização; que a penalização não resulta em sucesso! Porém, ninguém pode estar presente (nem os elementos estruturais do saber, da maturação cultural) se está ausente! Isto dá para as pessoas como serve para os conteúdos!
Com este cenário de ex-falta, não se resolve o problema. Hoje, o mundo (mesmo dentro do espaço escolar) chama todos para fora da sala de aula. Compete a todos, a começar por quem legisla, convidar o mundo para a escola, para a sala de aula! Este convite não é feito nem nunca será eficaz quando feito por pessoas desautorizadas, culpabilizadas, estigmatizadas, confrontadas, de maneira geral de 45 em 45 minutos, com a indiferença interna, externa, superior, lateral, entre pares, com parceiros,… todos amarrados à teia burocrática que vai empaleando este pobre país vazio de quase tudo!
A escola nova, sedutora, empenhada é a que motiva, na responsabilidade, para a presença livre, interessada, participativa!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

PL, in "Correio do Vouga" - 07.11.21

Atitude e regras

O título deste apontamento atravessa transversalmente todos os campos da vida social, da vida das comunidades! Porém, centramos a atenção no futsal e no futebol de onze, modalidades que estão esta semana na ribalta. Decorre o Europeu de Futsal, em Gondomar, e a selecção nacional de futebol de onze cumpre o último jogo de apuramento para o Europeu que decorre na Áustria e Suiça, no Verão do próximo ano – quatro anos depois do Euro 2004, uma das “bandeiras” de Portugal!
Aparentemente as duas modalidades, porque são de matriz comum, têm regras idênticas. É verdade. Salvo uma ou outra excepção para adaptar o futebol de onze à dinâmica do salão/sala mantendo a vivacidade e o entusiasmo do público e dos potenciais praticantes, as regras são decalque (o futsal) das do futebol de onze! Portanto, quem estiver familiarizado, de um lado ou de outro, não estranhará se for neófito da alternativa.
Depois, há a atitude! Bem mas aí não colhe no futebol de onze! O futebol de onze, com aquele ar sério e carrancudo, representa a opulência, a mãe de todas as matronas. Ninguém pode assobiar ao “rei”, ninguém pode criticar o “reinado”! - mesmo quando o rei vai nu! E vai nu porque todos querem viver à grande sem nada fazer pelo próprio reino! – Tome-se como exemplo o que aconteceu no recente Portugal – Arménia. A selecção de Portugal começa a ser um fenómeno preocupante de falta de honestidade profissional, tal o dilate com que aborda as responsabilidades (para com quem paga bilhete também)! Sem rei, nem roque!
Ah! A atitude daquela equipita do jogo com a Arménia até faz lembrar o que se passava na educação! Uns para aqui, outros para ali, medidas avulso! Até que alguém percebeu que “o rei vai nu!”… E começou a cozer-lhe o manto!? Nem todos os pontos têm aguentado o remate mas, na verdade, o manto vai dolorosamente ganhando forma! Há regras, há atitude!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

PL, in "Correio do Vouga" - 07.11.13

O caminho do fim

Os recentes acontecimentos desportivos que se têm manifestado em Itália – os tristes acontecimentos, melhor dizendo! – encaminham a nossa reflexão para o inevitável, isto é, para o fim de uma era; a era tribal!
Não é menos importante sublinhar que o homo-sapiens, do qual já pouco resta, fez o itinerário histórico sobre os princípios do domínio da razão sobre o “brutus”, a massa arracional, que caracterizou muito da era da pedra, o homem que dominou a natureza e os que dela faziam parte e a constituíam, através da arte de manusear as ferramentas rudimentares, como um simples “sílex”! Esse homem, o da razão, parecia caminhar para o apogeu, que as “luzes” suscitaram e o século XX desvaneceu. E como já é recorrente desmantelar o homem da razão pelo “associabilis”, estamos , portanto, a regressar ao uso do rudimentar, do calhau usado por cabeças de calhau, para impor a lei do mais forte.
Mortes por causa de um jogo? Não!?. Não pode ser mas é! Trata-se de uma luta de tribos, com toda a simbólica que lhe é dada, à manifestação tribal.
Não espantará que tenhamos de repudiar alguns actos, por muito que nos possam chocar agora, por preocupante canibalismo! Claro, depois de morta a presa… para que serve!?
Caminhamos para o fim! Sim, o fim do era humana. Depois disto… a manifestação da natureza far-nos-á caminhar para a montanha e imolar aos dos nossos aos deuses! Pintaremos a cara, o corpo inteiro, e, dominados pelos chefes tribais, sem história nem memória na tribo humana, vamos enfilar-nos para, de forma seguidista, gritarmos histericamente por morte ao que se opõem às nossas cores.
Por fim,… tudo estará consumado! A natureza encarregar-se-á dos que restam: a terra deixará de existir!
E depois de todo este pretenso apocalipse, o que se poderá esperar?
Apenas acordar no dia seguinte e, com pequenos gestos que farão a diferença, voltar a iniciar o caminho que inverta a marcha dos que já não suportam viver com os outros! Só isso, é preciso viver e saber conviver com a diversidade, mesmo com a diversidade que se chama… ser humano – curioso, “ser” ser humano é a maior teofania da criação: à imagem e semelhança de Deus. Ou será que Deus ou os hagiógrafos se enganaram? Não somos tão bons assim?!

terça-feira, 6 de novembro de 2007

PL, in "Correio do Vouga" - 07.11.06

A arte de acolher

A nossa capacidade de acolher, de sermos bons anfitriões, é tão singular que cativa quem passa pelo nosso país, pelas nossas cidades, por cada recanto das nossas terras! O estrangeiro é um amigo – salvo raras excepções!
No fundo, sem aprofundar a questão do acolhimento, a nossa cultura judaico-cristã, está embebida no gesto nobre do acolhimento que os relatos neotestamentários nos incutem (Mt 10, 18, por exemplo)!
No respeito que é devido entre uns e outros, o mais radical agnóstico, o iliterato, o cidadão comum, todos sabem que é revelador de singularidade a pessoa ter um comportamento social adequado. Afinal, tudo se resume a princípios elementares do ser humano: saber ser e saber estar na dignidade de cada um! Quem recebe enfatiza, com a devida prudência e discrição, os dons de quem vem e dá o adequado destaque (na saudação que se empresta, no lugar que ocupa, no diálogo que se estabelece). A quem é recebido, requer-se afabilidade, bonomia, serenidade no que recebe.
É sabido que ninguém, de boa vontade e educado, no facto de aceitar receber e ser recebido, muito menos quando tudo é feito em nome de outrem, deve explicita ou implicitamente retirar daí dividendos, quaisquer que sejam!
Bem sabemos que o mundo não é assim – tão distinto nas suas cores!?
Entre nós, somos tão capazes de acolher bem os de fora, como crucificar os que nos são próximos – “nenhum profeta é bem recebido na sua terra” (Mt 13,57 e sinópticos)! E daqui pode-se extrapolar para a metáfora: tanto faz ser profeta como não! Desde que seja daqui não pode sair de cá! E Todos os que não vejam assim… são réus de morte! “Crucifica-o”.
A vida, toda a vida, é tão diversificada e apreciada que até no calvário havia quem se opusesse ao Crucificado e quem assumisse, com Ele, aquele sacrifico como caminho de salvação!
Apesar de tudo, há quem veja mais longe! E, independentemente de ser Samaritano ou Judeu, aprecia quem é capaz de sair de si, vencer etapas, aspirar a ser mais! Isso implica não deixar que sejam os acontecimentos a condicionar as opções mas sim o discernimento, claro e lúcido! Porque nunca será apenas a vontade do próprio a definir o caminho de todos!?
Por fim,…acolher bem… até na crítica devemos ser bons, a proferi-la e a aceitá-la! Seja bem vinda!