Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.02.27

A força das “famílias”!

Estamos à beira de um ataque de nervos. Este plural, estamos, é extensivo a todo o país, talvez à Europa e ao resto do mundo!

Descoberto que o “ouro negro” (petróleo, como é sabido) é superior ao ouro “amarelo” nas cotações de mercado, todos os mercados perderam o juízo com a especulação e nada se vez para evitar que uns poucos gerissem o valor do mesmo a seu belo prazer!

A máxima de querer chegar mais longe em menos tempo possível desencadeou uma “pescadinha de rabo na boca”, ou seja, um ciclo vicioso de efeitos nefastos para todas as alternativas. Não se desenvolveu nada mais que apurar as potencialidades do petróleo e quanto mais vale o petróleo menos vale a possibilidade de outra fonte de energia!

Depois, a globalização, a economia liberal,… deriva apenas deste absoluto, para onde tudo converge e de onde tudo emerge! Para sermos racionalmente radicais na observação: não há nada que não derive do petróleo. Nada! Rigorosamente nada, até o preço do cereais, que haviam de matar a fome a milhões de pessoas em países subdesenvolvidos!?

Ora por mais caricato que possa parecer, nós também derivamos desta (im)pontencialidade! Não temos petróleo, não somos nada!

Se tivéssemos petróleo, teríamos dinheiro, poder, ninguém precisava do governo para nada, até poderíamos ser governados por uma dinastia, de natureza oligárquica, monárquica, qualquer uma!

O poder seria partilhado por famílias poderosas (tipo os nossos partidos) que, rotativamente, ascendiam (melhoria seria dizer descendiam!) a cargos (que enfado!?) de representação (assim como o Presidente da República, só para comparar!) concedido por esses e colocados ao dispor da escolha (tipo eleição) dos populares!

As famílias, proprietárias do poder real deste suposto país de petróleo, teriam lugar na grande assembleia (como o nosso Parlamento) onde decidiam as regras de articulação de todos e, para ser mais operacional, criavam uma comissão directiva, com poder executivo, para executar apenas (como o Governo!) e tudo seria arbitrado por uma equipa com autonomia para verificar a operacionalidade dessas regras (mais ou menos como os tribunais, o poder judicial). E quando alguma coisa não corresse bem, o povo corria para a porta da “assembleia de famílias” e as suas pretensões eram ouvidas e, quando não o eram, se tivéssemos petróleo,… fechávamos-lhe a “torneira”! Mas mesmo assim, as famílias continuavam a ser proprietárias de todas as potencialidades!

Como as coisas estão, parece que ninguém sabe onde reúnem as famílias! Porque se fosse verdade, não era preciso reclamar na rua!

E por este andar, ou mudamos de família ou arranjamos alternativa ao petróleo!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.02.20

Bolas

O título pode ser sugestivo!

Se por um lado reporta, neste contexto, a todas as possibilidades de análise sobre os vários desportos; noutra perspectiva interpretativa poder-se-á tratar como que de uma interjeição, exprimir um estado emocional de saturação perante a repetição: outra vez!

Ambas as interpretações têm cidadania neste tempo de grandes confrontos!

Bolas pela maioria dos desportos de concorrência oposta ter como ferramenta a bola. Pelo potencial existente no movimento impelido por uma força sobre um corpo esférico, a competição directa (o objectivo de um contrário é directamente oposto ao de outro) necessita que algo obedeça a uma determinada pressão o maior tempo possível e, assim, na menor distância-velocidade, a bola atinja o fim. Futebol, basquetebol, ténis, hóquei em patins, andebol,…e até o famoso jogo de Rugby está na lista. Bolas…

Bolas?!

Exactamente! Alguma saturação por continuamente chegar à peleja tanta sabedoria proferida de forma infundada. E cá entramos novamente no campo das matérias da educação. Não é possível ouvir comentar que os objectivos individuais na avaliação dos docentes são decididos para toda a escola; que todos concordam com a avaliação mas com esta é que não, etc., etc. Dá ideia que todos concordamos com tudo o que não seja para agora, ou que seja para nunca!

E porque não queremos ir mais além nesta matéria, deveras incómoda, passemos a outros incómodos, também eles geradores de muito incómodo!

Bolas para a situação em Timor!

Todos os portugueses olham para aquele país com um carinho de impotência! E 1999 não foi assim há tanto tempo!

É com o mesmo olhar sobre os conflitos que recomeçam, para já apenas na via diplomática por causa da questão da independência do Kosovo, que ao pensar naquela zona nevrálgica da Europa, recorda-se o início da Primeira Grande Guerra, o desencadear da segunda,… bolas!

Ou seja, quanto maior for a força exercida sobre um corpo que roda sobre si mesmo, maior é o risco de não conseguir controlar o ímpeto! Bolas, vamos com calma!?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.02.13

A outra margem

Há muitas novidades na matéria!

Num país como o nosso, marginal, isto é, do lado de fora do centro de decisão – até geográfica – não faltam caudais de informação, de determinação, de esvaziamento de ideias, de projectos, etc. que chegam até às nossas praias, sejam elas quais forem!

Serve este intróito, um tanto ou quanto radicado em metáforas e comparações, para representar a nossa forma de estar na vida, nas coisas que a vida proporciona. Somos um povo com muitas margens e com muitas marginalidades! Rui Veloso imortalizou as do Douro, através da canção. Porém há muitas outras margens que são, noutras artes e noutras paragens, imortais nas suas formas e dimensões – a televisão apresenta esta semana uma dessas pessoas que, na sua latitude, é imortal a juntar, pela força braçal, as duas margens!

Também a televisão traz à saciedade os recantos da “Geração de Scolari” que, por acaso, acaba por ser a geração de Queirós e de Mourinho (esses sim!) foram os obreiros desta geração que Scolari tem reunido para dar expressão (futebolística) a Portugal! A reportagem une, até pela oração num balneário, um país atrás de uma bola e de onze rapazes!

Por tudo isto e por tudo o que isto não diz, estamos (Portugal no seu todo) a unir, a unir as margens que separam um território (mental e físico) tão estreito e tão diverso!

E sem querer, constatamos pelos exemplos apontados, que precisamos de mais alguma coisa (chamemos-lhe “LNEC”) para dar um salto qualitativo: na música (ainda é também Fado, veja-se o Prémio atribuído ao filme “Fado”, com Carlos do Carmo), na vontade e trabalho dedicado (da travessia a braços); na alma que o transcendente suscita e requer; na visão de futuro (o LNEC! – um centro de capacidades científicas, em síntese), na aplicação racional da massa crítica e capacidades de projectar e definir com profundidade os desempenhos de todo um país!

O que se tem passado em vários sectores da actividade nacional e local obrigar-nos-á a pensar com a alma?! Beira Mar, TGV, novo aeroporto, pontes sobre o Tejo, assaltos, “apito dourado”, estado da Educação, Mundial de Futebol em parceira com a Espanha; corrupção na voz do Bastonário da Ordem dos Advogados;… Precisamos da razão em tudo! Dêem-nos oportunidade de o gerir com alma!

É possível?!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.02.06

Regresso ao passado

É assim que podemos observar o ocorrido este fim-de-semana em matéria de prestação desportiva: o Beira Mar voltou ao velho estádio Mário Duarte! E voltou descontente com o futuro, com tudo o que implica seguir em frente, progredir, sair daquele comodismo monótono de tudo absorver em si e nas suas limitações. Daí, sem vontade, sem atitude, sem fazer desse acto um momento particularmente transcendente!

Aqui residem muitas das incompatibilidades humanas, das suas instituições e relações. O ser humano regressa ao passado para ficar na mesma, sem acreditar que o caminho percorrido é para o futuro, mesmo quando implica desprendimento de si próprio para ganhar esse mesmo futuro!

Regressar ao passado, desta forma, dá um mote trágico à vida, algo baseado na vontade de não querer mudar! Ou seja, reduzir os horizontes, até onde se poderia ir, à condição de si mesmo, de não sair de si próprio, do seu mundo, por mais mundo que possa ter à sua volta. É o egoísmo, as opções por inclinações específico e exclusivamente individuais (quer sejam as pessoais ou quer sejam as colectivas)!

No início do mais um milénio, do século XXI, ainda deveria haver o direito de acreditar que é possível, desejável, … o regresso ao futuro (indo muito para além da memória da sequela dos anos 80, de Robert Zemeckis). Falamos de um futuro inspirado, inspirado no altruísmo, entendido como abertura à solidariedade, à doação desinteressada, abertura aos demais, os que estão longe e ao que estão perto, para que, tal como protagonizou Augusto Comte, surgir o conjunto das disposições humanas (individuais e colectivas) que inclinam as pessoas a dedicarem-se aos outros, ao que as rodeia,… a terem futuro!

Sem esta perspectiva axiológica, em síntese, não haverá nenhum Beira Mar, seja ele qual for, que tenha futuro!

E o passado sem perspectiva de futuro, não tem presente! Acabou!