Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.01.30

Novo ânimo

Até parece que falamos de futebol, ou de outra modalidade qualquer, pelo facto de terem ganho os do nosso coração!?
Não é tanto assim mas também é um bom princípio de deriva! Porque quando não há mais nada para conversar… fale-se pelo menos (e pouco mais do que menos!) do que anima os sentidos!
Então,… falemos…da vida das escolas!
Não, já é repetitivo. Toda a gente fala disso e, desses, muitos até falam sem saber!
Mas há sinais de esperança!
“Os professores são os profissionais em que os portugueses mais confiam e, também, a quem confiariam mais poder no país, e os políticos os menos fiáveis.
A conclusão é de uma sondagem mundial efectuada pela Gallup para o Fórum Económico Mundial.”
A notícia correu célere esta semana!
Entre as profissões a quem dariam mais poder no seu país, os portugueses privilegiaram os professores (32 por cento), os intelectuais (28 por cento) e os dirigentes militares e policiais (21 por cento), surgindo em último lugar, com seis por cento, as estrelas desportivas ou de cinema.
Interessante!?
Quem foram esses três milhões e duzentos mil portugueses?!
A confiança deve-se a quê?
Sobre que matéria foram induzidos os inquiridos?
Estará já em curso uma autêntica marcha para salvar a espécie? Porque o problema de todos os professores (é neles que está o futuro, a preparação do futuro) é garantir que, no futuro, haja professores e professores de confiança!
Assim, os professores portugueses deveriam ser candidatos ao Prémio Nobel da Paz! Em semana em que voltou a passar “Ghandi”, verifica-se que nunca tanta guerra teve tão nobres gestos de dedicação! A luta silenciosa de quem acredita, pacifica mas tenazmente, para educar em paz (os que lhe confiam) e viver em guerra (por não confiarem no seu acto educativo)! E cada aurora é mais um dia na frente de batalha e, ali sem poder faltar, adoecer,… vive ao minuto a urgência de não vacilar porque tem de suscitar conhecimento, desenvolver competências e impregnar tudo e todos de ânimo para o futuro!
Obrigado, Portugal!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

in jnnf, ano XXXVII, nº 382 (Janeiro 2008)

Invasão e insurreição!
Por causa da Câmara de Aveiro, do PUCA, da EN 235, da Estação de Tratamento Mecânico-biológico e de todos os outros casos passíveis de impugnação.

São tudo projectos necessários!
São todas pessoas de bem!
Todos?! Sim, todos!
Porém, há um secular hábito português de recorrer amiúde à aldrabice! Isto é, usar da aldraba para fechar tudo!
A aldraba, como é muito bem conhecida entre nós, é um fecho, geralmente de ferro, grotesco, para cerrar uma porta, normalmente a porta da rua, também a do quintal e até a dos currais do gado!
Pois claro!
É uma palavra de uso secular, tem a sua origem no árabe, desde que estiveram entre nós (como invasores!?), dizia-se então.
Os árabes chegaram até nós por via da chamada Invasão da Península Ibérica, com a derrota de Rodrigo, último rei Visigodo de Espanha, em 711.
Sim, 711! São muitos séculos de aldrabas!
A reconquista cristã, de todo o território peninsular, veio a durar cerca de oito séculos, ficando “concluída”, em 1492, com a reconquista do reino muçulmano de Granada pelos Reis Católicos. Em Portugal, a Reconquista terminou com o domínio definitivo de Silves pelas forças de D. Afonso III, em 1253.
Em síntese, a rica cultura árabe influencia de tal modo a nossa cultura, a nossa maneira de estar na vida e com as coisas da vida que até aldrabas (também denominadas comummente por aldrábias!) nos deixaram, isto é, repetindo, coisas fechadas de forma grotesca, sem cuidados em demasia!
Passado todo este tempo (quase mil anos!) está enraizada a cultura da aldrabice! É difícil sair dela.
Assim, entende-se que (também) em manifestos ou similares, de apresentação conjunta das ideias e pessoas candidatas a determinados cargos, para algum projecto abrangente, como, por exemplo, governar um Concelho, diga-se uma coisa e tome-se a decisão de aplicar o seu contrário! É nitidamente um caso de aldrabice, de recurso à aldraba para fechar a porta, o processo!
E, sem querer, pessoas que se propuseram agir como pessoas de bem, passam a ser conotadas por aldrabas, como aqueles que assumem uma postura de fechar (a discussão, a decisão) de forma precipitada!
Tudo isto poderá levar à confusão entre aldraba e aldrabões – aldrabas muito grandes!?
E as pessoas serão levadas a agir, com recurso à cultura secular dos que nos precederam, a insurgirem-se, passarem à reconquista, pela impugnação, porque não?!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.01.23

A mudança

Acaba de sair – em bom ritmo, acrescente-se – legislação que mudará nos próximos tempos o quadro de referência no desenvolvimento do país (dos países, como temos feito aqui alusão de acordo com os relatórios das Nações Unidas): a educação!

Aparentemente, esta matéria parece um pouco deslocada do contexto, afinal algo que vem sendo comum. Mas não é tanto assim.

O país necessita com urgência de quem olhe por ele e não apenas para ele ou, na maioria das situações, viver à custa dele. E coloca-se a questão algo complexa, o que é um país? O que faz um país?

Circula na internet um ensaio sobre Portugal, atribuído a Eduardo Prado Coelho, mas também existe o mesmo texto, supostamente da autoria de João Ubaldo Ribeiro, a retratar o Brasil. A dúvida surge. Não tendo visto o artigo no jornal Público, como é indicado, pode ser plágio ou oportunismo para credibilizar. Porém, vale a pena acompanhar a reflexão feita “é muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...

Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro que o encontrarei quando me olhar ao espelho. Aí está. Não preciso procurá-lo noutro lado.”

A mudança a operar começa na educação. Sim, na educação, o que não é sinónimo de apenas a escola!

Exija-se melhor rigor no sistema educativo; exija-se qualidade no ensino; exija-se o primado do mérito e da excelência; exija-se exame de acesso à carreira docente (bom, no mínimo)!...

Estamos certos que o caminho é este!

Se um professor, por exemplo, tem de possuir habilitação condizente com a responsabilidade da profissão (o que já acontece com outras carreiras, médicos, advogados,…) imagine o que acontecerá com responsabilidades maiores!? Assim, deixando de haver educadores sem habilitação altamente qualificada, também não teremos governantes (de topo, de base, intermédios) sem qualificação!

A mudança tem de ser para todos! O país agradece, isto é, nós todos agradecemos!

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.01.16

Esterilidade

Estamos em estado estéril, com um Estado esterilizador, uma nação esterilizada!

A primeira abordagem é revelada pela desinfecção que a lei 37/2007 trouxe ao quotidiano dos portugueses, genericamente a todos os espaços fechados e públicos a aos que ali coabitam e trabalham. Se há matérias que merecem o aplauso, aí está uma! As razões, por mais incómodo que provoquem, são todas as que fazem da Carta Universal dos Direitos Humanos um documento incómodo! Também aqui merece referência o Relatório do Estado do Ambiente (2006), da Agência Portuguesa do Ambiente (Ministério respectivo) sobre o pouco que compete a cada um fazer para salvar a casa comum, a Terra, neste recanto do mundo. Oportuno e preocupante.

O Estado (não confundimos com Governo!) está a fazer uma autêntica esterilização à capacidade de remediar a saúde económica das famílias – pura ironia, a maioria das famílias não tem economia nenhuma! Os princípios clássicos mais elementares da economia (processo de produção, distribuição, circulação e consumo) estão fora do circuito. Trata-se de ausência de sobrevivência e dependência do Príncipe – à boa maneira maquiavélica. Quanto mais se fala de BCP, CGD,… mais pobres são os pobres e remediados! Compete a quem exercer os poderes (todos os poderes) acabar com este estado vegetativo imposto por uma esterilização cega!

A nação (desportiva) está esterilizada (infértil) porque o Benfica já não será campeão! Como é possível? A juntar ao festim – porque isto é matéria para toda a nação se preocupar?! – o Beira Mar caiu no ridículo de decretar blackout?! É extraordinário como se envereda pelo caminho mais esquisito: a publicidade, a notícia, é que atrai investidores – não? Estamos todos enganados, sobretudo os especialistas em marketing?! Então, um clube que não sai da “cepa torta” assume a sobranceria grosseira de decretar silêncio (pensamos ser essa a intenção, não será para fazer uma tradução à letra de black…out!?)!

Isto começa a ficar demasiado… limpinho e sem hipótese de gerar o que quer que seja!?

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.01.09

Sem pão

É costume dizer-se neste contexto, que é em tudo desportivo – até parece pleonasmo, não é? -, que os clubes, em determinados momentos dos campeonatos, nos momentos cruciais de decisão, sobretudo quanto há alguma pressão negativa (aquela que tira o sono mas não dá solução aos problemas, por contraponto com a que estimula para vencer porque todos, ou cada um, acreditam que os objectivos são concretizáveis), usa-se a expressão “precisam de pontos como de pão para a boca”. Ou seja, poder-se-á entender que os pontos são pão. E o pão? Serão pontos!?

O disparate publicitado pelos jogadores do Benfica, no jogo passado, em Setúbal, revelou, a ser verdade a expressão, que não havendo pontos também não há pão!

Como será possível não haver pão em mesas tão fartas – a não ser que sejam mais as vozes do que as nozes?!

O que distinguirá este famintos, que tudo têm menos comportamento que os deixe na memória das coisas imortais, de outros que, mesmo sendo pobres não são famintos, e tudo fazem para dignificar a memória, olham para o sacrifício com sentido de dignidade (o único que vale a pena, diga-se!), e conseguem elevar a consciência e a vida de quem os contacta para patamares de reconciliação com a humanidade que aplaude, que vibra, que deixa-se inebriar pela excelência do pormenor?!

É quase inevitável comparar o gesto destes “sem pão” com a gesta de outros que, mesmo com comportamentos que poderiam não seduzir a maioria, deixam obra, fazerem perdurar no tempo a arte de ser diferente, ousado, prenunciado.

A diferença sempre está nas obras, as que se fazem e as que se deixam por fazer!

sábado, 5 de janeiro de 2008

Entrevista em "Correio do Vouga", 2008.01.03


“Os jovens não têm paciência para tantos serviços, reuniões, propostas a colidir umas com as outras em tudo"

Manuel Oliveira de Sousa deixou o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil no dia 11 de Dezembro de 2007, após 12 anos de trabalho no órgão dependente da Conferência Episcopal Portuguesa que tem como competência a coordenação do trabalho da Igreja com os jovens a nível nacional.
Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes, de Ílhavo, Manuel Oliveira de Sousa, que também colabora no Correio do Vouga, faz um balanço da sua actividade e aponta algumas lacunas que não poderão ser ignoradas na pastoral juvenil.

CORREIO DO VOUGA – Trabalhou 12 anos no Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, de 1995 a 11 de Dezembro de 2007, primeiro como membro da equipa e desde 2000 como director. Que balanço faz destes 12 anos?
MANUEL OLIVEIRA DE SOUSA - Desenvolver qualquer projecto com jovens é sempre fascinante. Quando somos jovens, como aconteceu comigo, o fascínio está na capacidade de nos ultrapassar-mos, de vencermos os obstáculos, porque estamos repletos do idealismo que nos caracteriza, a responsabilidade maior com os pares. Porém, depois, com os anos, a maturidade inverte o percurso – com o mesmo fascínio, na minha perspectiva; parte-se da responsabilidade para o idealismo, para o discernimento.
Portanto, só ganhei! Tal como o referi quando deixei o SDPJ de Aveiro, também agora tenho uma mistura de três sentimentos: dever cumprido (fui até onde as forças, todas as forças, mesmo algumas de bloqueio, e o Senhor permitiram); maturidade na fé (para mim e para os jovens com quem estive) e noção de que este serviço, em Igreja e de maneira particular com os jovens, é sempre uma sementeira maior, muito mais densa. Este terreno, à imagem da parábola do semeador que os sinópticos nos apresentam, para além da natureza da terra, tem também, passe a comparação, muitos acidentes, é muito imprevisível! Na pastoral juvenil pouco pode ser linear e, quando o é, é-o por pouco tempo!

Afirmou num comunicado que a sua principal preocupação “centrou-se na construção da comunhão entre todos”. Em que se concretizou esse esforço? Comunhão dos que trabalham com jovens? Foi alcançada? Com que iniciativas?
Com os jovens no coração (a sua formação e a formação dos animadores), a principal preocupação, foi dar continuidade ao excelente trabalho dos meus antecessores, centrando a atenção, primeira estância na construção da comunhão entre todos: todos de Jesus Cristo!
As razões são simples. Primeiro, porque depois dos cinco anos sem responsável nacional (1990-95), o DNPJ tinha de reunir o que andava disperso (e descrente, diga-se!); depois, para desenvolver um trabalho com tanta diversidade de carismas foi preciso congregar todos na comunhão das diversidades e sensibilidades; terceiro, por razões eclesiológicas; sendo a Igreja na Diocese, na Igreja Particular, reunir em termos nacionais implica ter noção precisa do que uma proposta nacional comporta no respeito por todos e por todas as Igrejas.
Cimentado este elemento base, encetámos esforços para chegar a um documento definidora da Pastoral Juvenil em Portugal (as Bases para a Pastoral Juvenil, em 2002); trabalhámos com a alegria de primeira evangelização em muitas iniciativas (Festival Nacional da Canção, Fátima Jovem, Jornadas Mundiais, etc); fomentámos formação; constituímos o Conselho Nacional da Pastoral Juvenil; surgiram grupos de trabalho para inventar novos itinerários (destacam-se o “Mais Dez” e o “GPS”); demos expressão ao ecumenismo entre os jovens (Fórum Ecuménico Jovem, sobretudo); tivemos a Cruz da Jornada Mundial em Portugal, o encontro Europeu de Taizé em Lisboa, etc.
Penso que foram anos sobriamente frutuosos.

A eficácia do trabalho pastoral não se mede pelos sucessos, mas, se tiver de escolher um facto, acontecimento ou iniciativa mais importante, qual escolhe?
Sem fugir à essência da questão, o “acontecimento” mais marcante destes anos foi João Paulo II! Por tudo. Inaugurou um caminho que não terminará.
Não gostaria de dar à Igreja o que não é seu – como acontece ao longo da História com a cristianização do profano - , dizer algo como o Ano Internacional da Juventude e a inauguração das Jornadas Mundiais, o que elas representam, foi uma espécie de “Maio de 68”, na perspectiva de descobrir os jovens no seio da Igreja, não é correcto nem no conteúdo nem na forma. Há, no Ministério de João Paulo II com os jovens, sementes de revelação (no sentido mesmo apocalíptico); revelação dos jovens que João Paulo II faz à Igreja, sobretudo a inspiração que são os itinerários catequéticos para as Jornadas e o que delas emana para o Mundo.
Depois tivemos o Fátima Jovem 1998! Penso que foi pendular. Marcou indelevelmente a geração do Jubileu do ano 2000 e o compromisso da Conferência Episcopal com os Jovens (recordo a carta belíssima que os nossos bispos escreveram aos Jovens!).
Mais recentemente, o Conselho Nacional da Pastoral Juvenil.

E qual julga ser a maior lacuna da Pastoral Juvenil nacional nestes últimos anos?
Ainda recentemente fazíamos esta reflexão em reunião de trabalho.
Primeira lacuna. Há a ideia (e a prática) de os jovens que perdemos! A tentação da estatística.
Os jovens, na diversidade da acção evangelizadora da Igreja, que têm contacto com Jesus Cristo de forma continuidade são, em Portugal, à volta de meio milhão (entre os 15 e os 29 anos), dos cerca de 2 milhões que cá residem, na expressão do estudo do IPJ, de 2006.
O modelo de acção da Igreja não é económico, de ganhos e percas, é pastoral, de anúncio.
Associada a esta preocupação, como complemento, há ainda a outra face, o acento nos jovens ditos “fora da Igreja”!
Na minha perspectiva estão aqui as duas maiores lacunas na acção pastoral da Igreja. A ideia medieval de “fora” e “dentro” não deve ser mote para a acção da Igreja. O anúncio que se faz é católico (universal, portanto). Com isto quero dizer que não há jovens dentro ou fora da Igreja. Devemos partir, em relação aos jovens, de S. Paulo: “vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”. Assim, pode e deve servir de inspiração para o processo evangelizador dos jovens o itinerário do “Ad gentes”, uma etapa missionária, uma etapa catecumenal, uma etapa pastoral. Todos são de Cristo, independentemente da distância a que se encontram!
Segunda lacuna. A orgânica pastoral (dos jovens).
Os jovens não têm paciência, nem a juventude tempo, para tantos serviços, reuniões, propostas a colidir umas com as outras em tudo: no conteúdo, nos destinatários, nos dinamizadores. Todos se esgotam a fazer o mesmo e sem resultado para além de pequenos momentos de sobrevivência factual.
A riqueza da Igreja está na diversidade, mas essa não é sinónimo de dispersão inconsequente.
Coloca-se em causa a organização administrativa da Igreja (fala-se muito das paróquias e da revisão dessas). Estou de acordo. Porém, tudo parece objecto de reflexão por reacção (à falta de sacerdotes, por exemplo) e não uma proposição.
Terceira lacuna. É impossível trabalhar na pastoral juvenil nacional se não há fundamento eclesiológico para esse serviço e, a agravar, sem um plano nacional assumido transversalmente. Pouco vale dizer que estamos preocupados com os jovens, se ainda pensamos que só o hábito identifica o monge. A Igreja é já um desconhecido entre os jovens. Portanto, quem melhor se organiza e identifica, tem mais hipóteses de apresentar uma proposta credível.
Quarta lacuna. Os jovens ainda são um incómodo e não a essência da acção e preocupação pastoral da Igreja. Está ali a alegria, a sedução, a criatividade, que faz a Igreja atraente. O modelo cultural que as sociedades adoptaram nestes tempos é o da eternização da juventude. Nós temos esse tesouro em grande depósito, apenas temos de o assumir na integridade. Todas as comunidades que centram a sua acção nos jovens têm tudo, mesmo propostas sedutoras para os que estão “fora” – com todas as aspas – porque esses também têm salvação.
Estas lacunas são as minhas também, são o que gostaria de ter feito.
Nos próximos tempos ter-se-á de trabalhar na organização de um directório nacional ou no plano. Sou defensor acérrimo da máxima de que ninguém dá o que não tem ou nem sabe que existe! Há menos disponibilidades, menos vocações… temos de nos organizar ainda melhor na forma, no conteúdo e na acção.

Os jovens de 1995 são diferentes dos de 2007? Em quê?
São totalmente outros. De forma intercruzada na mobilidade, na concentração e na comunicação.
Com a urbanização da cultura, as ideias e as pessoas circulam muito mais rápido para todo o lado. Ninguém está muito tempo em lado nenhum, tudo é móvel, até os telefones!
A concentração tem um duplo sentido. Por um lado, por consequência da mobilidade, podem juntar-se muitos no mesmo sítio por causa nenhuma, só porque apetece. Por outro lado, a reflexão, a ponderação, a abstracção são diferentes, mais pragmáticas.
Por último, a comunicação. É o reflexo das duas anteriores. Porém, note-se a grande facilidade para intuir, para as novas linguagens, para novos modelos de conhecimento.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.01.03

Entre rabanadas e sonhos


Assim, se caracteriza o momento!
Estamos prestes a entrar, ou já entrados (também é curiosa a expressão: “estou um pouquito entrado!”, típica da Quadra), no novo ano de 2008.
Este tempo, tão cúmplice com as duplas significações ou interpretações, permite abordar a Quadra recorrendo, pelas iguarias, ao que vai no coração de cada um! No fundo, as duas faces da época, deste tempo.
A rabanada é natalício!? Então, compreende-se a confusão que sistematicamente grassa por esta altura: as aquisições adiadas no Benfica, a ditadura em Alvalade (Liedson é sempre notícia nesta altura!), a tranquilidade no FCP, as crises do Beira Mar, as polémicas no BCP, as tragédias do Quénia, Darfur, Paquistão,… só para sinalizar algumas das mais sonantes!
É preciso dar uma verdadeira rabanada (de vento) ao que temos como parte menos interessante do ser humano, ou seja, o veneno, já que a outra é a doçura sempre afável!
Porém, ao despedirmo-nos com vontade de esquecer (é quase sempre assim!), porque num bocado de noite fica enterrado, em síntese, um ano de actividade, tudo aquilo a que nunca mais se quer voltar e efectivamente não se volta, no momento seguinte abrem-se horizontes de esperança! O sonho!
E da sacudidela (rabanada) do passado ao sonho que é já… pouco distância separa os mesmos seres, apenas a emoção de um pequeno segundo! Tal e qual o mesmo sonho que se consome sôfrego na noite que ainda é de Natal!?
Reacertam-se fusos e horários… e novos ventos zurzem sobre o futuro!
E tudo recomeça!
Fica o sonho de que a rabanada passe depressa mas com ela vamo-nos também nós consumindo!