Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 27 de maio de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.05.28

Vaidade e talento

Está novamente lançada a corrente que unirá varandas e janelas, ruas e praças, os portugueses, no fundo, através do futebol, da selecção de talentos que reúnem condições para poderem ser considerados cidadãos da pátria lusa.

Esta afirmação inicial projecta o que poderá antever-se daqui a um mês na Áustria e Suíça (no Euro de Futebol): estes dias chuvosos são, tradicionalmente considerados como “mau” tempo. Isto porque, tal como já referimos noutra oportunidade, depende do ponto de vista. O tempo, enquanto há tempo, é sempre bom! A maioria considera como mau não ter tempo para nada. Ou seja, não ter tempo é sinónimo de ser “mau”, o mau tempo. Portanto, enquanto o tempo é tempo, como proclama o canto pascal, ninguém espere para o encontrar…procure-o!

Partindo deste princípio, é desejável que se recupere o bom tempo, procurando não cair no fim da oportunidade de transformar em inevitabilidade o que se pode atingir.

Pouco dados à eficácia, dada a nossa secular apetência para o improviso, aí vem um mês de alienação, depois o Verão, as férias, …e tudo o resto pode esperar.

Quais os ecos de Viseu que podem contrariar a tendência?

Um punhado de rapazes bem pagos que já são os maiores do mundo sem ainda lá terem chegado!? Umas bandeiras para, agitadas, sacudirem a crise de momento!?

Em Viseu deve surgir um novo Viriato Lusitano, um herói colectivo (a selecção) que não bloqueia talentos; uma cobertura noticiosa que não ofusque a vida do país (a vida real); um sinal do trabalho honrado dos portugueses pelo mundo; os resultados que se esperam alcançarem em todas as áreas de acção profissional!

Cristiano Ronaldo não é Portugal mas Portugal pode não ganhar alento com o talento de Cristiano Ronaldo!

Mesmo assim, mesmo antes de tudo, é óbvio que um Euro de futebol é uma coisa séria, um jogo de futebol que envolve muitas componentes que exigem tratamento sério. Daí também, uma coisa (o Euro) e outra (os jogos e os jogadores), revelarem muito mais do que na essência são: um conjunto de jogos!

Porém, até agora, só se tem visto luxo, vaidade e alguma solidariedade factual!

Mostrem talento enquanto há tempo!

terça-feira, 20 de maio de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.05.21

Campeões também por cá

Há um novo modelo, aquilo a que os investigadores e profissionais da educação e decisores da política educativa denominam como um novo “paradigma” educativo.

A escola tal como (ainda) está organizada, portanto, na sua organização, corresponde a um modelo em que, como o reflecte A. Toffler, o desenvolvimento da hierarquia administrativa decalcou o modelo da burocracia industrial, os alunos ao entrarem na escola sentiam/sentem a estrutura que mais tarde encontrarão no mercado de trabalho (industrial, sublinhe-se): massificação, campainha, autoridade (do professor), concentração em grupos de produção (turma), edifícios fechados e construídos com materiais idênticos aos das fábricas, parque exterior extenso e desprovido de elementos pessoalizados,… O currículo bastante formal e fixo culmina o que se pretende incutir de política e ideologia estatizantes!

Ou seja, a escola tem servido para legitimar a estrutura social vigente com uma organização burocrática, linhas de autoridade hierárquica, fragmentação do trabalho e remunerações desiguais.

Em consequência, com a crise social na mudança do milénio, o desenvolvimento tecnológico, a descoberta do jogo como pedagogia diferenciada, há uma ruptura com o modelo de formação clássico. E começam a surgir sinais novos, um novo paradigma. Hoje, ninguém ignora que a escola já não é a única nem o mais importante centro de desenvolvimento do saber e do conhecimento. Não é possível rivalizar com a informação exterior que entra pela escola dentro. Não é possível, nem aconselhável, combater modelos mais dinâmicos de formação. Portanto, será urgente dar espaço à articulação dos extensos e inovadores currículos para que o que se aprende noutras unidades de formação possa ser analisado, ponderado e harmonizado como forma de garantir a equidade e a igualdade de oportunidades!

E ao ser parangona a notícia das jovens campeões nacionais (cadetes femininos) do Esgueira, claramente numa modalidade e escalão de formação, deve haver motivo para suscitar novos conceitos na didáctica e projectar as consequências para o futuro no contexto da formação integral!? Há espaço para a inclusão no currículo deste e de outros modelos de formação? Rentabiliza-se o esforço, que se felicita, para redescobrir o saber para além dos domínios pré-concebidos?

Hoje, como ontem, há oportunidades de ir além do cansado superficial bordão de “fazemos isto por prazer”! Faz-se por prazer?! Óptimo, porque aprender deve ser um prazer!

Entretanto e enquanto não se pode chegar mais longe…viva o Esgueira e quem forma com metodologias atractivas! Mas, na escola,… quer-se mais!

terça-feira, 13 de maio de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.05.14

Profissões com futuro

“O que queres ser quando fores grande” já não se usa, caiu em desuso!

Agora, o que vale mesmo, é a democracia imposta: “quando fores grande vais ser…” e elencam-se as várias hipóteses com futuro.

Político, futebolista, , médico, advogado, engenheiro,… e, em princípio, fecham-se as oportunidades vocacionais. Para quê ir mais longe se já nem destas se pode esperar muito?!

Se, quanto às três últimas apresentadas, a situação é complexa porque exigem rigor metodológico, capacidade de trabalho e aptidões, no caso das duas primeiras parece, pelos debates e paradigmas recentemente apresentados pelos membros das referidas áreas profissionais, que não é bem assim.

Político?! É uma profissão com pouco risco e, pelos vistos, responsabilidade. Depois do apelo no “25 de Abril”, só mesmo, a ser totalmente fundamentada a notícia do “Correio da Manhã”, o que se passa na Assembleia da República, em matéria de assiduidade para dar mais um impulso na carreira como profissão com futuro. O matutino refere que há uma percepção pública, uma ideia que não é real e que é preciso combater. A ideia de ausência tem de ser combatida com a presença, terá alertado o líder parlamentar socialista, que na semana passada apelou aos deputados do PS, durante uma reunião do grupo parlamentar, para uma "participação mais activa". O recado ficou assim entregue: a partir de agora não são permitidas mais faltas às sessões plenárias.

Isto um dia após o debate parlamentar sobre a Lei de Segurança Interna, onde chegaram a estar apenas 25 deputados socialistas no plenário. Mesmo assim, o grupo parlamentar mais ausente é o do PSD. E na sessão solene da comemoração do 25 de Abril foi notório um vazio geral nas bancadas da Assembleia da República. Mas um dos episódios que mais polémica geraram em torno do Parlamento aconteceu em 2006, quando as votações tiveram de ser adiadas por falta de quórum: cerca de 120 deputados faltaram na véspera do início das férias da Páscoa.

Resta também a de futebolista, e futebolista não é quem quer! É futebolista quem tem “padrinhos”, quem, perdido para muito na vida, vai progredindo sob o jugo das teias, das artimanhas. E, como é uma profissão com vários riscos físicos, até aí tem de haver alguma fortuna! – o debate de segunda-feira passada, na RTP, foi elucidativo, se ainda fosse necessário.

Em tempo de crise de emprego, crise social, crise económico, o futuro mais promissor e menos exigente estará onde?

segunda-feira, 5 de maio de 2008

PL, in "Correio do Vouga" - 2008.05.07

Seres mãe

Estamos no início de Maio, tradicionalmente entre nós, mês da Mãe, das mães, da origem, do desabrir, gerar, gestar, criar nova vida!

Um dos grandes mistérios da existência estará na dualidade redundante da concepção! Por um lado qual o momento original, por outro lado “o que se entende por”, o conceito!

As teses existencialistas, criacionistas, gestacionistas, evolucionistas têm sempre em comum, no debate, o princípio de tudo, o momento da concepção!

Ser Mãe é ser primeiro, é ser maior, é ser antes de tudo. É ter capacidade de ser mais, independentemente dos pais! Porque não o é só quem o deseja ou não, é-o sobretudo quem ama de coração! E quando alguém o quer ser, mesmo sem o querer, já o é porque é capaz de vir a ser!

Este Maio obriga-nos já, parafraseando Daniel Sampaio, a inventar outras (formas) de ser mãe, outras existências (seres) e formas maternais!

E a sociedade contemporânea exponenciou o plural: são necessários outros contributos maternais - obviamente, mesmo com todas as circunstâncias, tem que se estender a reflexão também ao caso Thomas Beatie (um transexual varão, casado, dará à luz uma menina no Verão depois de várias tentativas para engravidar e após ter sido rejeitado pela sociedade e a sua família – as circunstâncias!).

É mais que provável ser preciso voltar às origens, a Eva (na significação simples de a que dá a vida ou tem vida), e retirar vida da terra (Adão).

Centrando em “mãe” o momento materno, o princípio da existência, ou volvemos o nosso olhar para Eva ou pereceremos no novo dilúvio, o da fome – como este início de Maio nos sugere com a escalada do custo dos bens essenciais para gerar, gestar, criar,… viver!