Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 28 de julho de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.07.22

À procura do “trans”

“Onde está o trans?” poderia ser o título de uma saga histórica caracterizadora da época que agora vivemos – mais uma, por sinal!
Tal como a série, “Onde Está o Wally?”, de livros de carácter infanto-juvenil criada pelo ilustrador britânico Martin Handford, onde o leitor encontra ilustrações que geralmente ocupam a página inteira, nas quais num lugar está desenhado o Wally, personagem central da série, e alguns dos seus objectos, também aqui, no tempo que vivemos, o leitor poderá experimentar, nas ilustrações que cada dia coloca ao nosso dispor, essa mesma sensação de pesquisa universal acerca do elemento formativo “trans”, “para além de”!
Esta nota vem a propósito do momento único que nos é dado viver, em que, depois de elevar ao máximo as liberdades absolutas para cada indivíduo, nota-se um retomar da diversidade como alavanca para o bem comum.
Qualquer assunto, em todas as reuniões de trabalho, qualquer projecto, a curto ou a médio prazo, tem maior aceitação sem for… transversal. Se reunir sinergias, se houver vários parceiros, vários saberes,… para resolver ou tornar resolúvel a proposta!
A educação, a cultura, a saúde, a justiça, a acção social,… só tem solução, nos vários problemas que apresentam, se se encontrar uma plataforma “transdisciplinar”.
Portanto, o tempo dos saberes enciclopédicos está de volta. Não há disciplina que não deva ser abordada em "enkyklios paideia", isto é, no sentido literal, "educação circular".
Assim, a cultura é transversal à ciência, às artes, à literatura, ao cinema,…
A educação é transversal à cultura, à literatura, à saúde, à acção social,…
A saúde é transversal à educação, à cultura, à arquitectura,…
A arquitectura é transversal ao planeamento, demografia, artes,…
A família é transversal…
Tudo é transversal porque cada pessoa, só por si, bateu no fundo do relativismo em que caiu!
Reergue-se uma nova era, a dos saberes partilhados.
Já ninguém saberá de tudo sozinho e, mesmo que saiba muito, fica mais rico se o partilhar!
A era das transversalidades, chegou!
Que venha em boa hora.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.07.15

Um outro olhar

Aproxima-se o tempo de ver o outro lado do mundo, o outro lado da vida; o lado da convicção e da serenidade confiante e inspiradora.

Bem sabemos que há dias em que nada parece correr bem.

Por qualquer razão inexplicável, nenhuma equação tem solução. Depois surge a arrelia. Daí até parecer que o dia está estragado vai um pequeno passo.

Como se explica isso?!

Problemas neurológicos; falta de serenidade; ansiedade;..? Parece ser tudo sem ser qualquer coisa em particular.

É o caso de não encontrar piada alguma no discurso falacioso (de falácia), na brejeirice subtil, e depois ser apontado como pudico ou incómodo.

Mas ainda há algo mais.

Um dos sinais de arrelia, que vemos um pouco por todo o lado, curiosamente é a maneira como se procura o culpado ou projecta a culpa sobre alguém.

Olhe-se para um pequeno incidente no trânsito. Com o sem razão as pessoas dirigem-se umas às outras a tratarem-se por tu, um “tu”-segunda pessoa do singular. Como se já não bastasse ser segunda pessoa, também está no singular, só!

“Ó paspalho, não vês o que andas a fazer?” – grita-se para o lado!

É este “paspalho”, ou coisa pior, que incomoda. Porque a pessoa não ver não há grande mal nisso, acontece! Agora, ser paspalho?!

Portanto, há ali, “sem eira nem beira”, um juiz severo que espalha a sua ira para libertar, quem sabe, as suas próprias frustrações com recurso a outro mecanismo de defesa, a projecção. Os seus conflitos e reflexões são colocados, projectados nos outros e impedem ver claro.

É urgente lançar o olhar mais longe, ver para além das aparências.

Ou seja, é preciso olhar e viver a vida com elegância. Aquela elegância que faz de todos parte da solução. E esta elegância deve ser feita como serviço, como ministério.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.07.08

O discurso indirecto

À escola, a cada escola concreta, vêm parar todas as solicitações e exigências contemporâneas.

Decidiu-se que ali deve ser o centro de toda a vida da comunidade educativa, mesmo quando a comunidade precisa de re-centrar a sua educação.

O currículo nacional deve ser tratado localmente, inculturado. As competências e os saberes que o determinam não podem ser desvirtuados.

Apesar disso, a formação cívica; a educação para a saúde; a participação política; os valores da cidadania e do saber estar; a justiça; a democracia; o discernimento vocacional e profissional;… tudo está à disposição da escola e é pedido à escola. E muito bem.

Muito bem porque a escola é servida por pessoas qualificadas (e muito dedicadas) para, fazer no presente, o que se espera do futuro, porque longe vai o tempo de pensar que "a abertura de uma escola não faz nem nunca fará fechar uma prisão; assim como o bem-estar material não está intimamente ligado, nem é fatalmente proporcional ao grau de instrução do povo" (reforma da Instrução Primária, 24 de Dezembro de 1901).

Por isso, é preciso assumir outros protagonistas. Os que têm a mais nobre missão na educação e formação, os pais (únicos, insubstituíveis), e os principais decisores actores sociais e políticos.

O testemunho de vida dos primeiros e a coerência de atitudes dos segundos serão contributo decisivo para a revolução humana, cultural, científica e técnica que, por estes dias, têm estado ausentes.

De que vale a uma criança ou a um jovem ter 7 a 10 horas por dia de formação se, à saída da escola, na rua, em “casa” ou no que resta dela encontram o oposto ou uma desresponsabilização permanente da educação?!

A multa injusta, a deselegância de um condutor, a intemperança de quem segue o mesmo caminho,… as notícias maldizentes (em nome de uma suposta verdade), os ecos da corrupção, a verbalização desgastante de um parlamento que leva a actos impensáveis de um Ministro!...

Como se constata, o Ministério da Educação (Nacional), designação dada entre 1936 e 1974, ao departamento governamental competente em matéria de educação, de cultura, de desporto e de investigação científica nos governos do Estado Novo, não sofreu mudança de fundo na concepção que, desde 1870 quando foi criado, tinha o Ministério da Instrução Pública. Ao chamar educação à instrução alterou-se a matriz e confundiram-se as responsabilidades.

A concluir, melhor seria chamar à colação, em vez de discurso indirecto, o que se pode ler nas entrelinhas dos vários discursos; os necessários e os que proliferam por aí. Porém, não deixa de fazer sentido uma análise interna do texto, de cada um dos discursos, para depreender o que faz sentido e o que não tem sentido nenhum.

Mas como se poderá dizer isto sem cair no mesmo erro?!