Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 29 de setembro de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.09.29

Coincidências extraordinárias

Há paralelismos tão óbvios (e tão forçados, pensar-se-á) na formulação das orientações que ajudam a organizar e a arrumar as instituições que “é estragar” se forçados à intercessão. Chega-se a enunciar como sinónimos, tal o efeito de reflexão (espelho) que causam uns sobre os outros.
Uns mais eruditos outros mais populares; uns mais externos outros mais internos, ou seja, mais portugueses; uns mais das artes outros da socialização;… há muitos.
Como se pode falar da Epopeia Portuguesa sem mencionar Camões? E onde ficará Verdi e a Ópera?!
A luta de classes e Marx; a Psicanálise e Freud; Jesus Cristo e a Igreja; João Paulo II e o último quartel do século XX;…
É inevitável que, não sendo um ou outro, um não seria sem o outro. Melhor, poderiam existir e até coexistir mas não seria a mesma coisa – sic!
Neste ambiente, não é possível omitir um olhar, desde logo porque o tempo é propício, ao futebol e à política.
Foi uma vitória extraordinária – declarou o ainda Primeiro Ministro José Sócrates.
E num efeito boomerang ecoou por outras salas o paralelo entusiasmo.
Ora, este “ganhar” não é mais que um tesouro de todos confiado a um dúzia, coordenado por um, e, todos, qual “Grande Irmão” (Big brother), vigiados por uma bancada sedenta de ganhar também – custe o que custar.
Mas quando alguém ganha alguma coisa em Portugal questiona-se logo “e o Benfica, ganhou ou perdeu?”
Se ganhou foi com a ajuda de alguém ou contra alguém muito fraquinho!
E mesmo que todos os outros tenham ganho, por si mesmos, alguma coisa, isso não importa; o importante, a vitória das vitórias, é que o Benfica não tenha ganho. Esse é o ponto supremo.
Até parece que não tem nada a ver mas tem!
Sócrates é do Benfica!
Depois também há bancadas; debates; música e brincadeiras.
Por fim, após os escrutínios, espera-se uma eternidade por outra peleja, por mais uns debates, em que nada está bem, e por mais uma vitória em que todos ganham!
Cada um com o seu golito de vantagem, quer tenham participado muitos ou poucos, lá vai regozijandos-se "está ganho, está ganho"!
Às vezes até saem de campo antes do jogo acabar… e isso é triste !
A preocupação maior será saber o que é que todos ganham e porque é que, da bancada, ninguém vê aos outros fazerem alguma coisa de jeito!?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.09.22

A gripe e os subsídios

Na semana passada terminámos em passo acelerado - pode ter ficado essa ideia - com um salto para a Gripe A estando a abordar a Pátria, Zé Povinho e Subsídio-depedências.

Porém, pelo menos no plano intencional, não foi esse o propósito. O aceno aos momentos fundantes da Pátria (mas o que é a Pátria?) à figura da iconografia nacional que caricaturiza o traço do ser português apenas foram pretexto para o estado a que isto chegou (parafraseando Salgueiro Maia). E, continuando a incursão pela iconografia nacional, se na madrugada de 25 de Abril de 1974 o Capitão de Abril, mobilizando as tropas, afirma “há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos” … é necessário voltar à mesma atitude porque, por razões bem diferentes, o estado a que chegámos não é suficiente para alterar significativamente a vida das pessoas.

Actualmente há uma onda que se vem agigantando, tenebrosa, a ameaçar o futuro de todos. Diagnósticos e denúncias todos os sabemos.

Desde logo é necessária outra atitude, com recurso a uma expressão não menos célebre, de John F. Kennedy, em 1961, “não perguntem o que o vosso país pode fazer por vós, perguntem o que vocês podem fazer pelo vosso país”. É preciso querer.

Entre a postura diametralmente oposta estão, a título meramente ilustrativo, os comentários depreciativos, as críticas, as insidiosas insinuações sobre as medidas de prevenção contra a Gripe A.

Os “Velhos do Restelo”, a “esperteza saloia”, a “ignorância atrevida” e a “recreativa mendicidade nacional” juntaram-se para desfazer o que de prevenção (p-r-e-v-e-n-ç-ã-o) se pode fazer.

Os planos de contingência contra a gripe são, para quem os leva a sério, autênticas acções de formação transversal a todas as gerações e serviços. Portanto, um acto educativo.

E, recorrendo novamente a citações famosas, “se pensa que a educação sai cara, imagine o preço da ignorância...”!

Por fim, o estigma da subsidio-depedência.

Só como ilustração. Também nisto, surgiram os mendigos do costume e dos cosntumes, os mesmos que acham que os planos são exagerados, que mais ninguém no mundo está preocupado com a gripe, a criticar a insuficiência dos nossos impostos distribuídos pela Administração Central, para atenuar as despesas com tais medidas.

Está todo o mundo louco ou quê? Em que ficamos. Está mal ou é um bem?

Melhor será ir uns dias à sala de isolamento para, aproveitando a pausa profilática, ponderar

o que podemos fazer juntos para dar a volta ao estado a que chegámos.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.09.15

Pátria, Zé Povinho e Subsídio-depedências

As duas referências que encimam este apontamento são sobejamente conhecidas e, pelo que é facilmente verificável, estão muito bem inculturadas nos conceitos e práticas portuguesas, quer locais quer nacionais.

Recorrendo ao que circula pelo mundo…

Este jeito peculiar vem, pelas “crónicas”, desde tempos de antanho!?

Portugal é reconhecido como nação num gesto que nos definirá como povo.

Em 1128, as tropas de Teresa de Leão e Fernão Peres de Trava defrontaram-se com as de Afonso Henriques na batalha de São Mamede, tendo as tropas do infante saído vitoriosas – o que consagrou a sua autoridade no território portucalense, levando-o a assumir o governo do condado. Consciente da importância das forças que ameaçavam o seu poder, concentrou os seus esforços em negociações junto da Santa Sé com um duplo objectivo: alcançar a plena autonomia da Igreja portuguesa e obter o reconhecimento do Reino. O que será alcançado com a Manifestis probatum, bula emitida pelo Papa Alexandre III, em 1179, que declara o Condado Portucalense independente do Reino de Leão; e Afonso Henriques, o seu rei.

Emancipado da mãe, o Rei Fundador (o Conquistador, de seu cognome) estende a mão a Roma a troco de quatro onças de ouro (uma onça equivale aproximadamente a 28 gramas). Mas como não ia lá com quatro, comprometeu-se a entregar anualmente 16 onças de ouro.

Saltando para o bordalense Zé Povinho…

É a personagem de crítica social, criada por Rafael Bordalo Pinheiro e adoptada como personificação nacional portuguesa. É também conhecido como João Bítor, grande amante de binho e xixas.

Apareceu pela primeira vez no 5º exemplar d'A Lanterna Mágica a 12 de Junho de 1875, num desenho alusivo aos impostos, onde se representava Fontes Pereira de Melo vestido de Stº António com o "menino" D. Luís I ao colo, enquanto Serpa Pimentel (Ministro da Fazenda) sacava o dinheiro do Zé, que permanecia boquiaberto a coçar a cabeça vestido com um fato rural gasto e roto. Ao lado, o comandante da Guarda Municipal, observa de chicote na mão, para prevenir uma eventual resistência.

Nos números seguintes, o Zé Povinho continuou a surgir de boca aberta e a não intervir, resignado perante a corrupção e a injustiça, ajoelhado pela carga dos impostos e ignorante das grandes questões. O próprio Raphael Bordallo-Pinheiro diz: "O Zé Povinho olha para um lado e para o outro e... fica como sempre... na mesma".

Um salto mais e estaremos na Gripe A e nos recursos para a erradicar… fica para a semana.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.09.08

Divórcios de facto


É um facto!

Não sabemos se houve união mas os divórcios estão consumados, “ratos e consumatos”.

O divórcio plenamente consumado é, recuperando o lugar primitivo deste apontamento, entre a selecção de futebol e as vitórias.

Uma coisa sem sabor, estranha, triste, malfadada,… um pouco à imagem do seleccionador. Quando fala parece que vai chorar!

Com é que é possível?!

Se o futebol é um desígnio nacional (não tem que ser mas é), quer como industria quer como motor anímico do “day after”, da economia, da comunicação social, das conversas de café, de chá, de ovos moles,… de tudo, salve-se o futebol.

Faça-se, com tantas horas de desporto escolar que se gerem no país, a casa de formação dos jovens. E, aí em circuitos de alto rendimento, treine-se o remate, o passe, a marcação de livres e de golos, a técnica, a táctica, o saber saber, o falar, o acreditar, o ânimo, a atitude,… aprenda-se a ser gente! Qualquer profissional competente só o é se o for!

Entre os divórcios consumados está o dos assuntos importantes e o lazer. O governo das coisas de todos e uma tarde de praia, uma noite de folia. A participação, o querer saber do governo da vida colectiva, e o… “que se dane”!

E não são os jovens os que menos se interessam. É transversal. Há muitos jovens empenhados em participar na gestão do bem comum!

Por fim, a propósito da vinda do Porta-voz do Vaticano a Fátima, onde fará a conferência de abertura das Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais, e da importância do diálogo/boa comunicação com a sociedade, pressente-se, o mesmo aconteceu em Braga aquando das jornadas das Comissões Episcopais de Portugal e Espanha, “entre a laicidade e o laicismo”, que há aqui algumas separações de facto?!

Ora, todos sabemos que a separação acontece quando se quebram os laços que unem as partes. O último a quebrar-se será o do afecto, o da comunhão, da empatia,…

Estamos separados de facto!

E um dia ainda virão novas uniões…

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.09.02

Unívoca diversidade

Esta antítese aparece no regresso, e a propósito, de tantas coisas boas com expectativa de melhoras nas que o futuro reserva.
A reserva maior, o tesouro que transportamos em vasos de barro, será a sobrevivência da espécie como espécie. E o que nos garantirá tudo isso, o continuarmos a ser pessoas, seres civilizados?
Muito provavelmente é o respeito de cada um pelo que nos distingue de toda a criação. Isso mesmo, seres civilizados.
Mas quem nos ensina o que é a civilidade? E como se chega a civilizado?
Os decisores atribuem às gerações mais jovens, acreditando que nascemos ensinados (influências de algum inatismo?) capacidades inatas, em que todos nascemos iguais em tudo. Ou seja, a diversidade, o que nos distingue (entre nós e de cada pessoas com toda a natureza) é sermos… iguais!
Ridículo, não é?
Claro.
Quem é que hoje interpela quem quer que seja se o mais elementar dos gestos (como tossir, lavar as mãos, espirrar, cumprimento, cortesia, lugar no autocarro,…) for ultrapassado? Alguém? Todos fugimos da responsabilidade educacional atrás do individualismo “isso não é nada comigo”!
Se não é com os pais, não é com o grupo social, não é com a escola,… cada um está entregue a si mesmo. Salve-se quem puder.
Viemos das férias - os que vieram!
Encantados por tanto recebido até se esquece o despendido. E esquece-se de tal forma que, com Setembro ainda quente - cada vez mais quente - , ainda é possível continuar em banhos, até em “banho-maria”, o que de essencial temos para fazer: mudar de rumo, endireitar o que nos resta deste nosso mundo, a começar pelo universo que fica dentro da casa de cada um.