Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 29 de junho de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.06.30

Pequenas grandes vitórias


O tempo é verdadeiramente de “carpe diem”! A esperança, mesmo com o Verão e as férias a refrescarem o ânimo, não compensa todas as privações que se exigem e que se fazem sentir sem que se perceba bem porquê.

Então, temos de ver claro onde está escuro; pintar cor-de-esperança o que está sombrio e soturno. Ânimo, ânimo contra tudo e contra todos os que se deixam derrotar!

Quando o Correio do Vouga chegar a todos os recantos, porque decorre o mundial da África do Sul, espera-se, esperamos todos, os Portugueses e adeptos da equipa de futebol nacional, que Portugal esteja já nas meias -finais da competição!

Quando a perspectiva de um novo ciclo de vida se fecha, não se pode chegar ao recobro! Se a vida nos vira as costas – qual Rei Leão (o filme!)! – nós viramos as costas à vida! Para querer assumir como universal esta premissa, às vezes é preciso virar as costas a alguma coisa para que se note a diferença!

E depois há a solidariedade dos mais próximos, dos de perto e dos de longe (muitas vezes os que estão mais perto!).

Pensar como as pessoas se organizam, sem se conhecer, para apresentarem novas ideias e projectos para o Parque (que se quer) da Sustentabilidade, na cidade de Aveiro, é um sinal de proximidade!

Olhar para Nª Sª de Fátima e ver que o desenho no papel de mais um traço assassino de um território-património que se quer dissecar, esventrar, dividir em nome de uma má gestão do lixo comum, é mais um grito de quem vê mais longe. Não é possível ter vistas curtas perante quem quer fazer de um centro de lugar vivo, mas esquecido, uma auto-estrada para camiões do lixo que, a qualquer hora mas sobretudo de madrugada, por ali projectam passar para despejos na Unidade de Tratamento Mecânico-Biológico!

Habituados a não haver uma sensibilidade na gestão do bem público como bem comum, chega o momento em que uma pequena vitória, torna-se uma vitória grande.

As pessoas cansam-se de quem as maltrata! Então, unem-se, juntam esforços e, passo a passo, tudo fazem para chegar longe!

terça-feira, 22 de junho de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.06.23

Cego é quem não quer ver!


Não podemos ignorar. Por mais que queiramos que chova, não é com os bulcões do nosso espírito que as nuvens carregadas desabam sobre a terra.

Também sabemos que, até na aridez do deserto, aqui ou ali, pela manhã mais possivelmente, podemos encontrar uma flor viçosa, frágil, mas bela. E é tão mais encantadora quanto maior é a nossa expectativa de a não encontrar.

E foi por estes dias, a propósito de lutas civilizacionais, à procura da razão (para não ficar cego!), que cruzámos com Alexandre Herculano (Eurico, o presbítero). Por nos parecer oportuno, pese o facto de extenso, sentimos necessidade de olhar para o alto e, no meio de ausências um pouco estranhas (afirmação cultural?!), tentar ver claro, distinguir. Tantas vezes, querendo que todos vejamos da mesma maneira ou cerrando os olhos (como as crianças quando fazem birra!) para demonstrar que não queremos ver, corremos o risco de transformar uma querela pequena num dano irreparável; de ficarmos cegos, até!

Quando é a hora mais tardia da vida, ou mesmo o ocaso, é elegante baixar a guarda e, talvez silenciosamente, olhar o passado para evitar erros futuros; como que recordar “naquele vasto horizonte, até então puro na sua luz horrenda, dois castelos de nuvens cerradas e negras começaram a alevantar‑se, um da banda da Europa, outro do lado de África.

Os bulcões conglobados corriam um para o outro e multiplicavam‑se, vomitando novos castelos de nuvens, que se difundiam, flu­tuando enoveladas com formas incertas.

E aquelas montanhas vaporosas e negras rasgaram‑se de alto a baixo em fendas semelhantes a algares profundos, e os seus fragmen­tos informes e cambiantes vacilavam trêmulos em ascensão diagonal para as alturas do céu.

Ao aproximarem‑se, os dois exércitos de nuvens prolongaram‑se em frente um do outro e toparam em cheio, Era uma verdadeira batalha.

Como duas vagas encontradas, no meio de grande procela, que, tombando uma sobre a outra, se quebram em cachões que espada­nam lençóis de escuma para ambos os lados, antes que a menos violenta se incorpore na mais possante, assim aquelas nuvens tenebrosas se despedaçavam, derramando‑se pela imensidão da abóbada afogueada.

Então, pareceu‑me ouvir muito ao longe um choro sentido misturado com gritos agudos, como os do que morre violentamente, e um tinir de ferro, como o de milhares de espadas, batendo nas cimeiras de milhares de elmos.

Mas este ruído foi‑se alongando e cessou: os bulcões alevantados da banda de África tinham embebido em si os que subiam da Europa, e desciam rapidamente para o lado dos campos góticos. Depois, senti lá embaixo, na raiz da montanha, um rir diabólico”.

Coisas do diabo?! Como é possível?

Acreditamos que pessoas há que, por terem lutado tanto para terem uma vida digna, tornam-se intolerantes com quem não viveu da mesma maneira. Ingénuos? Porque não!

Também há quem nunca teve oportunidade, desde o berço, por ausência circunstancial ou involuntária, por decisão maturadamente deliberada, de acolher a profundidade do Eterno!

terça-feira, 15 de junho de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.06.16

Aí vamos nós!


A fase final do campeonato do mundo de futebol começou e, com ele, desencadeia-se o princípio de mais um ciclo da história da humanidade; a de um “mundial” em África!

Aí vamos nós (plural de muitos), mesmo sem ir, mas indo também!

Vamos porque quem se deixa envolver, por esta teia que consome directamente, por sublimação ou projecção, as nossas ansiedades, desejo de conquista, de superação dos outros, fica entrelaçado num emaranhado de expectativas que, mesmo perante a evidência na frustração, reencontra energia para continuar a mover-se com o mesmo destino de quem luta irracionalmente: acaba por sucumbir (não interessa a quê!).

Estão lá todos os que já lá estiveram de outras vezes: Portugueses, Castelhanos (também de Leão, de Catalunha, de Navarra,…), Holandeses, Ingleses, Franceses, Vikings,… das Américas, do Extremo Oriente!

Todos sob a mesma língua!

A expressão é de Luís Freitas Lobo (no jornal Ensino magazine, de Junho-2010): “o futebol é a língua mais falada do mundo”! Não sabemos se o é, nem qual a referência para o ser (do mundo): por países?; por cidadãos?. Pode muito bem ser, é verdade. Se não for “língua”, propriamente dita, pode ser uma expressão não verbal. Concordamos que o seja.

Todos ao ritmo de novas sonoridades!

A controversa vuvuzela!

Não custa aceitar que pode existir no objecto algo de origem ancestral, ligado, por semelhança, à tentativa de”animismo” (pela corneta como se fosse a tromba de um elefante?)! Pode ser exagero. Porém, uma prática recorrente dos anos 90, passou a oportunidade de negócio.

Todos pelo ouro, o ouro do troféu da FIFA, que é composto por aproximadamente 5 kg de ouro 18 quilates, com uma base, as duas faixas verdes, feita de malaquite, um mineral de cobre, e tanto outro “minério e pedras preciosas”! – há jogadores de quem, por semelhança, se diz serem “diamantes por lapidar”!

Mas há também o ouro que brilha nas oportunidades para a vida que envolve todo o evento: afirmação da capacidade organizativa, de sustentabilidade social, de lideranças políticas,… de mensagens subtis que, todos os minutos do mês, serão… oportunidades de ouro!

E nós que vamos sem ir,… deixamo-nos ir na oportunidade de sentir qualquer coisa nunca sentida ou insaciavelmente repetida: a estupefacção de todos e de tudo o que compõe a teia.

terça-feira, 8 de junho de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.06.09

África… do Sul!

Falemos de futebol, de emoção, da chegada dos portugueses ao ponto mais à Sul da África. Lá foram, aqueles “almas de Deus”, depois de mais paragens e compromissos comerciais do que minutos de treino na Covilhã!

Recordemos a nossa história na perspectiva de outros “Navegadores”.

Os “eternos” portugueses (imortalizados pelo Poeta):

"Ó glória de mandar! Ó vã cobiça

Desta vaidade, a quem chamamos Fama!

Ó fraudulento gosto, que se atiça

C'uma aura popular, que honra se chama!

Que castigo tamanho e que justiça

Fazes no peito vão que muito te ama!

Que mortes, que perigos, que tormentas,

Que crueldades neles experimentas!

Na perspectiva dos discursos de jogadores, técnicos e responsáveis pela “Nau” portuguesa (com a ajuda de Camões no discurso de Gama ao Rei de Melinde)


- "Eu sou aquele oculto e grande Cabo,

A quem chamais vós outros Tormentório,

Que nunca a Ptolomeu, Pompónio, Estrabo,

Plínio, e quantos passaram, fui notório.

Aqui toda a Africana costa acabo

Neste meu nunca visto Promontório,

Que para o Pólo Antárctico se estende,

A quem vossa ousadia tanto ofende.


No olhar dos Portugueses, que não são do Restelo, e que acreditam permanentemente mais ao largo, mais longe (mesmo que não saiam de Portugal), inspirados por João de Barros.

«Partidos dali, houveram vista daquele grande e notável cabo, ao qual por causa dos perigos e tormentas em o dobrar lhe puseram o nome de Tormentoso, mas el-rei D. João II lhe chamou cabo da Boa Esperança, por aquilo que prometia para o descobrimento da Índia tão desejada

Independentemente do desfecho da viagem, no regresso seremos sempre nós todos, o nosso jeito de ver o mundo (citando Pessoa): “cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!”