Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.09.29

O orçamento

Vamos lá começar isto do zero; o lugar onde estamos, afinal!

Se é muito rico, não precisa de grande orçamento. Se é muito pobre, nem tem orçamento. Se é remediado, esqueça o orçamento.

Chegados aqui, qualquer português está disponível para viabilizar um bom orçamento. O mesmo será dizer, aquele em que há verdade entre o dever e o haver, que não endividará os nossos bisnetos, que não hipoteca (sem capacidade de resgate) dedos, anéis, pulsos,…

Dito isto, estamos disponíveis para viabilizar, para aprovar, para defender sem quaisquer contra-partidas um documento que liberte o país da ameaça final, que é o mesmo que dizer uma Comissão Liquidatária.

E para fazer avançar isto rapidamente, as contas públicas teriam de ter em consideração a metodologia de orçamento de base zero – uma ideia apresentada pelo Bloco de Esquerda que deveria prevalecer na própria Constituição, dadas as dificuldades estruturais do país que se reflectem nesta fase do ano, todos os anos.

O Orçamento de Base Zero é um instrumento administrativo prático para avaliação das despesas, uma mudança substancial nos ajustamentos do orçamento à capacidade de recursos.

Como, normalmente, os Ministérios estabelecem os mapas de fundos em relação ao ano anterior, o que se gasta é tido como necessário. Ora com o Orçamento de Base Zero exige-se que cada rubrica seja justificada detalhadamente, em todas as dotações, devendo ser explicado onde e como vai ser gasto o dinheiro, onde se inclui análise de custo, finalidade, alternativas, medidas de desempenho, consequências da não execução, retorno do investimento, risco, como centralizar ou descentralizar as operações, alugar ou comprar bens e instalações, produzir bens e serviços, etc.

Como estamos, o que sucede no exercício mais micro e simplista do sistema? Se eu gastar pouco este ano, para o ano tenho o mesmo ou menos ainda! Portanto, quanto mais gastar, melhor! Literalmente é assim.

Vamos lá viabilizar o orçamento!

Eixos estratégicos a assumir: os serviços sociais (saúde, educação, justiça, apoio à infância e senioridade), comunicação, obras públicas, transportes, energia e dois pólos de desenvolvimento de ponta: turismo; ciência e micro-inovação.

Administração de empresas públicas em Comissão de Serviço (com vencimento base igual ao usufruído nos últimos dois anos, ajudas de custo, prémio de desempenho com tecto limitado), sem direito a benefícios para além do exercício do cargo.

Redução de cargos, encargos e serviços que não sejam auto-sustentáveis; Reestruturação Administrativa; Regionalização sem Câmaras; ….

Com um programa assim, corremos o risco de ganhar!

Por fim, marcar períodos específicos para publicar documentação sobre actos de governação. Nos intervalos de tempo, cada um trabalha e fala menos.

Tanto a floresta como a vida é mais difícil construir do que ser consumida!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.09.22

Homenagem a todas as avenidas sem árvores

É muito difícil ver partir para sempre um amigo ou uma amiga de longo data. Por ser tão próximo, era quase familiar. Ainda éramos pequenos e já ali estava. Os anos passaram em nós, mas ele (ou ela) sempre pareceu imutável à… mudança!

E quando algo lhe acontece ou decidiram que tinha de acontecer, como tudo ficou diferente!? Até cada um de nós, por se sentir tão diferente e lutar contra todas as diferenças, acabou por cultivar a indiferença. Veio o desgosto, o sentimento de impotência por nada poder fazer para alterar o rumo do destino traçado!

Acontece isto com as pessoas. Sente-se o mesmo por um velho automóvel, por um animal de estimação, por uma estrada que rasga um bosque de árvores frondosas, por um ribeiro cimentado, por um braço de mar assoreado, por uma língua de areia saqueada,… por tudo, no fundo, que os sentidos fizeram parte de nós! Às vezes, até uma velha parede, mesmo em frente à janela que se abre para umas “águas furtadas” ou para uma viela sem luz, depois de derrubada, faz perigar qualquer coisa: porque transforma a penumbra habitual em luz excessiva que debota; porque expõe o que até aí era privacidade e recato.

Há sempre um desgosto na mudança!

Mas o que alimenta suculentamente a orfandade, quando algo se transforma na nossa melancólica monotonia, seja ela mais melancólica ou não, é a subtracção do certo e a multiplicação do incerto!

É terrível não se saber o que vem depois! É por isso, presumimos, que é mais cómodo, mais confortável, ficar no que está, no que existe.

Todos somos conservadores, portanto. Sim, todos. Até quem defende a vertigem da mudança sem mais, sem limites, torna-se conservador dessa mesma postura ou ideia!

Porém, é importante aceitar, que há sempre algumas razões para que as coisas se façam. Porventura!? Acreditamos que sim, que não se deve confundir a árvore com a floresta, nem a avenida pela cidade. Mas nem tudo pode aparecer, e parecer que surge, por geração espontânea, sem nexos causais. É provável que andemos todos na ilusão e, como tal, só alguns iluminados poderão fazer, por magnanimidade, que vejamos luz entre as árvores que morrem (de pé ou arrancadas à raiz).

Um dia chegará o momento em que todos viveremos num mundo perfeito!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.09.15

Gostar de não gostar

Este dilema linguístico, que diz muito sobre o estado emocional, transmite tudo, ou quase, sobre o que pode ir na alma de cada um quando confrontado com a crueldade de alguns factos.

Será isto o que se chama arrependimento?! É crível que não seja bem arrependimento. É uma mistura de arrependimento com gosto por se ter gostado. Inexplicável, provavelmente.

É que o arrependimento implica uma vontade deliberada de mudar de vida; uma determinação consciente e sincera de alterar as situações com implicação no futuro.

Não é bem o caso!

Na verdade, há outros sentimentos, outros conceitos emotivos, outras forças anímicas que nos impelem para apreciar muito, ou pouco, algo que temos de fazer ou experimentar. Há as coisas boas da vida – o bom e o belo têm, indicam em si, algo de subjectivo, isto é, que depende do sujeito (ou da sujeita!) que o expressa ou sente?! – e também há coisas menos boas e péssimas; umas provocadas pelo próprio, outras pelas circunstâncias dos tempos, e, outras ainda, pela precariedade dos elementos, como são os casos do comer, vestir, possuir, do perecível, da velhice, da morte,.. tudo momentos, ocasiões que nos impelem para a luta pela sobrevivência, saciamento e bem-estar!

Ora, em bom-português-ligeiro, corrente, em linguagem falada, há alhadas, em que nos metemos ou mete, que gostaríamos de não gostar delas! Mas depois de lá estar,… como sair garantindo a continuidade do bom e do belo da vida?!

Vamos a factos!

Quem não gostaria de ver o Benfica jogar em Aveiro, com o Beira Mar?!

Toda a gente que goste de futebol, do “show biz” ou de outro “show” qualquer, gostará de ver o maior espectáculo do mundo (a seguir ao Circo! Porém, há ideia do Circo estar a ser ultrapassado no ranking. O futebol começa a ter mais variedades que o Circo e o Circo tem mais números de bola - coisa séria! – que o próprio futebol!?)!

Ora como o Benfica não autoriza (isto é que é o denominado empolamento dos factos!) que os adeptos e sócios vejam os jogos fora do Estádio da Luz, uma dúvida trespassa seis milhões de adeptos: porquê?

Será pelos erros do Benquerença (valerá a pena reflectir sobre a raiz do sobrenome!)? Não…

Ligas e ligações (perigosas)?! Não…

Ou será pela planificação falhada?! Não…

Pela corrupção visível (a acreditar em telefonemas, livros, testemunhos)?! Não…

Com receio dos adeptos começarem a assobiar a própria equipa?! Não…

Pelo clima de guerra que foi criado do Mondego para cima e na região do Algarve?! Não…

Ninguém viu nada, ninguém sabe de nada, tudo imaculado!? Então porque será?!

Força com a demagogia!

Há coisas que gostávamos de não gostar, não há?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.09.08

Sexta-feira, 3

Há dias assim, negros.

A Sexta-feira, 3 de Setembro de 2010, deixará marcas na memória de muitos portugueses. Mais nuns do quem em outros, claro, como tudo na vida. Foram, pelo menos, três rombos significativos em alguns dos indicadores do nosso ser como Povo.

Pela manhã, dá-se início a mais um capítulo do “Caso Casa Pia”. Mais um capítulo porque, apesar de estar pronunciado como o epílogo, bem sabemos que não é assim.

É compreensível que sintamos um pouco de vergonha em todo o processo. Em cada atraso, em cada testemunho, em cada pessoa (vítima, arguido-acusado, advogado, juiz), todos sentimos que é um caso condenável. Nada se aproveita deste “caso”. Melhor, talvez seja aproveitável para percebermos como não funcionamos. É curioso constatar que, para relatar o que temos de pior, é necessário exponencialmente mais (tempo, páginas, meios) do que para falar do que podemos fazer bem!

É um caso condenável onde todos estamos condenados – pelo que não conseguimos melhorar!

Ainda a tarde ia alta e já a selecção de futebol de Sub-21 perdia com a Inglaterra.

Daí, não vem grande mal ao mundo, é jogo. Hoje ganha-se, amanhã pode-se perder. Tudo quase normal a não ser a demonstração de mais uma geração incapaz de se superar, de fazer as coisas bem feitas, sem despesismos provincianos, sem alma. Não foi este o jogo. Foi, aí sim, o desperdício, a falta de atitude noutros jogos e, não termos categoria para o futebol grego ou macedónio, revela-se a nossa desorganização, o nível inferior em que estamos.

Depois, chegou a noite! Mais um pesadelo. Mas, deste (quase todos) grupo de “rapazes” (incluindo dirigentes federativos), que estão neste propalado “Clube Portugal” (cfr www.fpf.pt), tudo é expectável. Cada um faz o que quer e, há anos, que vêm gozando com o pagode sem nenhuma consequência. Voltamos a lembrar o célebre balneário Clermont-Ferrand, em 18 de Novembro de 2003. Estavam lá, no onze inicial Moreira; Mário Sérgio, Bruno Alves, João Paulo e Ricardo Costa; Tiago e Raul Meireles; Quaresma, Hugo Viana e Cristiano Ronaldo; Hélder Postiga. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) assumiu o pagamento dos estragos avultados no balneário da selecção de sub-21, em França, após o final do jogo, que garantiu o apuramento da equipa lusa para o Europeu da categoria. Amândio de Carvalho, vice-presidente, assumiu as responsabilidades por parte da FPF em comunicado enviado à vereadora do desporto da Câmara de Clermont-Ferrand, que tinha condenado estes actos dos futebolistas lusos, mostrando-se preocupada com o espírito destes rapazes, mas também dos seus responsáveis.

Estes mesmos, com ar convencido e vaidoso, foram, em 2004, aos Jogos Olímpicos de Atenas. E nada!

O que temos desta geração, a que deveria ser de renovação da esperança de sermos mais e melhor como país? Para já, nada! E, nesta Sexta-feira, 3, mostraram o que Portugal tem de pior quando não sabe estar nem tem categoria para ser: o provinciano convencido! Só pelo facto de ter um pouco mais de oportunidade de ganhar melhor a vida, chega a “aldeia”, julga-se coroado de rei, pensa que sabe e quer dispor de tudo!

Há entre nós (muitos!) dias assim.