Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Jornal Aberto (Out 2010), esdjccg

 

Uma Escola Nova

Passaram cem anos da Implantação da República!

(Implantação! Um termo bastante curioso para evocar um “portfolio” de acontecimentos provocadores de mudança na administração central do nosso país!)

Bem sabemos que cada tempo tem as suas mudanças, até, por Luís de Camões, o cantamos: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o Mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

E passado este tempo todo, vemos com muita satisfação o legado que nos foi confiado. Também houve dificuldades orçamentais, despesismo, “Velhos do Restelo”! Mas a confiança e as convicções, em épocas tão crispadas, sem a proximidade das tecnologias da comunicação, com menos saberes à distância de um “clique”, tudo venceram.

Hoje somos nós. Somos nós a quem se pede que mudemos vontades… tomando sempre novas qualidades!

A este número do nosso “Jornal Aberto” anoto o que escrevia há dias a todos os pais.

O que poderei acrescentar a essas palavras introdutórias da carta de 27 de Outubro?! Partilho-as neste espaço porque, acredito, podemos criar uma escola nova, alunos ainda mais formidáveis (que vão ser melhores pais, melhores professores, melhores profissionais), um país possível, um mundo sustentável. Porquê? Porque nós saber-lhe-emos disponibilizar “sempre novas qualidades”.

Reforço a nossa predisposição para acolher e conjugar esforços de maneira particular junto dos mais cépticos ou desinteressados. Porém, não posso, com igual motivação e interesse, deixar de sublinhar as ideias, as propostas, que muitos pais vêm fazendo para encontrarmos a unidade na diversidade. Bem-haja a todos pelas sugestões para sermos melhores; pela compreensão no que demora a estar melhor e, também, por incrementarem uma cultura de soluções – o mais difícil, estaremos de acordo, não é constatar a dificuldade, é, isso sim, encontrar respostas que satisfaçam todos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.10.26

 

O Estado… do meu umbigo!

Já não é a primeira vez que abordamos a “Questão do Estado”!

Porém, numa altura que colhemos os malefícios destas armadilhas que o Estado é, temos de rever o paradigma de organização das pessoas num determinado território. Entre imensos elementos de fundamentação desta ideia, recorremos a um artigo, de 2006, do Prof Boaventura Sousa Santos “a relação do Estado com os cidadãos é complexa porque, ao contrário do que pretende a teoria liberal, o Estado não reconhece apenas cidadãos, reconhece também os grupos e classes sociais a que eles pertencem. Como estes grupos e classes têm uma capacidade muito diferenciada de influenciar o Estado, a igualdade dos cidadãos perante o direito e o Estado é meramente formal e esconde desigualdades por vezes gritantes”.

As desigualdades gritantes é que desmotivam a nossa motivação.

Mas esta demissão, ou aparente desinteresse pelas matérias de todos, têm mais a ver com o posicionamento de cada um face ao bem comum (esse será o valor absoluto das organizações do Estado) do que da boa ou má gestão que se faz da “coisa pública”.

Quando Kennedy, no discurso da tomada de posse, em 20 de Janeiro de 1961, como que declinou o compromisso do país sobre cada um acentuando o que cada um deve fazer (não pergunte o que a América pode fazer por cada um. Pergunte o que é que cada um poder fazer pelo país) colocou a diacronia da história social e política num novo itinerário, num novo percurso, aquele que nos falta fazer.

O individualismo do momento esgotou energias, liquidou recursos.

Se não temos futuro de outra maneira, só falta unirmo-nos para traçar algo que nos dê dignidade e outra forma à nossa existência.

Só há um caminho, o de trabalhar de forma resoluta.

Como? Cinco passos para sairmos disto: Primeiro, retirar os olhos do umbigo!

Segundo, predispor-se a fazer o que menos custa para chegar longe: saber ler e saber mais!

Terceiro, escolher os que têm mais capacidade para governar!

Quarto, aceitar ser governado! Ter o direito de ter deveres!

Quinto, discordar mas nunca voltar para trás, isto é, abdicar de vencer os quatro passos anteriores.

É que isto que é de todos, é tratado (erradamente) como se não fosse de ninguém! E, se não conseguirmos ver o que ganhamos todos por trabalhar mais, por ser mais Estado, pelo menos tenhamos consciência do que perdemos todos ao fazer pouco.

Ao Estado queremos dar pouco e mal, do Estado queremos tudo, e do bom e do melhor!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.10.12

Vencer !

Estamos no centro do mundo, mesmo no centro. Mas não somos o centro. Esta distinção é essencial para que não nos confundamos e, pior que isso, nos deprima fazendo de nós portugueses os periféricos, que nos faz andar à volta sem eficácia.

Portugal, cada um tem de ser Portugal, precisa urgentemente, mais do que pão para a boca, precisa ganhar. Ganhar, mais do que pão para a boca, porque senão obtiver vitórias nos desafios que tem pela frente, não há pão. Por conseguinte, ganhar será o recurso primeiro, só depois virá o pão. E temos tudo para o conseguir.

Podemos vencer lá, em Nova Iorque, nas Nações Unidas, pela capacidade de estarmos no centro das decisões, para ajudar a fazer pontes. A Assembleia-geral das Nações Unidas decide hoje, Terça-feira, por voto secreto, quais serão os cinco países que terão assento nos próximos dois anos, como membros não permanentes, no Conselho de Segurança. Portugal concorre para os dois lugares vagos no grupo da Europa Ocidental, numa disputa que conta ainda com as candidaturas da Alemanha e do Canadá. Para a maioria dos analistas, a Alemanha dificilmente perderá o lugar, pelo que a verdadeira disputa será entre Portugal e Canadá.

Queremos vencer lá, na Assembleia da República, com a aprovação de um Orçamento que não nos aniquile!

Claro está que temos de criar as condições para que isso aconteça. E essas, as condições, estão radicadas na profundidade do que e como somos. Porque temos tudo para sermos felizes aqui! Temos os elementos suficientes para ser mais: sol, água, ar, terra, massa cinzenta. E estamos no centro.

Ganhar já. E para ganhar é preciso ser educado! Educado para o rigor e para a verdade, já… a começar pelos que ainda podem ser educados!

A chave de tantos anos de atraso em relação aos nossos parceiros está nesta “operação educação”. No fundo, será apenas passar do quero saber para quero saber! Vencendo este , o do nosso atraso, o do nosso umbigo, o da crispação em brandos costumes! E quantos que há por aí fora.

Com isto, até podemos ganhar , na Islândia, no jogo de futebol de selecções nacionais.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.10.05

100 anos de República

A República terá sido a maior conquista do Século XX Português? - claro, tanto a Primeira como a Terceira Repúblicas!?

Ao visitarmos os espaços da República, as suas ideias e ideais, as práticas, os resultados, o discurso, mesmo o que agora é re-escrito, ganha força a interrogativa inicial.

Nas comemorações do centenário da mudança ainda está muito por mudar, quase tudo por consolidar! É preciso fazer o que ainda não foi feito!

Uma outra “A Portuguesa” tem de ser escrita, reinventada. Apetece trautear Pedro Abrunhosa, olhando para o trajecto republicano português, sabes de mim, eu sou aquele que se esconde. Sabe de ti, sem saber onde. Vamos fazer o que ainda não foi feito. (…) E eu sou mais do que te invento. Tu és um mundo com mundos por dentro. E temos tanto pra contar(…).Porque amanhã é sempre tarde demais.

E pensar que se não fosse a República, seria muito difícil estarem aqui estas linhas…

As conquistas feitas, tanto em 1910 como em 74, quase que se podem resumir a mais liberdade! O que, só por si, é uma marca indelével. Porém, só isso foi insuficiente para ter esperança no futuro e ver cumpridas as promessas dos fundadores da mudança.

A República, sim, a forma de Governo de Estado que somos, mudou há 100 anos. E daí para cá, o Governo teve quase tantos titulares como aniversários! - Não deve ser fácil governar assim!

É caso para entronizar, entre os “nevoeiros” da nossa história, mais este: se há mistérios no mundo, o mistério português é um dos mais ilustrativos. Passados cem anos, ninguém diria que estamos mais velhos, mais sábios, mais… qualquer coisa! Mantemos a mesma tez, a mesma jovialidade, a mesma leviandade dos tempos iniciáticos: pobres, endividados, pouco produtivos.

Custando tanto a mudança, com o intuito de ser mais e melhor, porque é que, no centenário da expressão universal das liberdades, ficamos com o amargo de estarmos na mesma!?

Cuidem-se as feridas: intolerância, sobranceria, despesismo, anarquia.

Potenciemos as virtudes: cidadania, educação, igualdade, justiça (as nossas, como as da Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade).

Vamos fazer o que ainda não foi feito!