Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

No rasto da esperança

 

Algumas vezes temos defendido que o mundo deveria ser governado entre alguma criatividade na disposição das virtudes teologais. Em vez de fé, esperança e caridade porque não fé, caridade e esperança!?

Compreendemos e acreditamos que ao fundamentarem e animarem o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas, segundo a Doutrina da Igreja Católica, nos vários contextos em que os homens e as mulheres do nosso tempo têm de interagir e administrar o património que é de todos, consuma-se, como noutros tempos difíceis, a fé que actua pelo amor (Gálatas, 5,6).

Assim, primeiro a Verdade! E, depois, a verdade que actua com doação, com entrega, sem usar nem usurpar.

Inevitavelmente, se deixarmos de acreditar tudo o resto ruirá.

Entretanto, como é a última a morrer, poderia ser a terceira das virtudes. A esperança é mesmo assim, nunca acaba. E, mesmo depois de terminar, ainda há o… podia ser bem pior! Sem alienações, é preciso acreditar que vamos conseguir dar a volta a isto.

O primeiro contributo para não matar a última réstia, é falar com verdade sobre as coisas. Sem qualquer propaganda falaciosa.

Aquilo que assistimos, quando temos governos de maioria, é de um cortejo alinhado de gestão de mensagens! “Muito bem!” – grita-se para o cortejo. Quando os governos são de minoria, ouvimos imensas vozes discordantes; como se ninguém fosse sério! No meio disto tudo, começamos a acreditar que é verdade.

Onde estará a justa medida?

Quando ligamos os areópagos dos nossos tempos, ficamos entusiasmados com a possibilidade de crescermos juntos na procura da esperança, essa oportunidade de vida. É que não conseguimos vislumbrar outro caminho que não seja o de acreditar que é possível.

E voltemos à justa medida. Acreditar tanto pode levar à alucinação colectiva. Então, o que fazer.

Queremos homens e mulheres; jovens que falem da Verdade, dedicados e sérios, com esperança!

Gestos como os repetidos por condicionadores e manipuladores da informação, sob a capa da liberdade de imprensa, de expressão, conduzem-nos à ilusão, à mentira, à derrota, à revelação das nossas maiores misérias e dificuldades.

Como interpretar os casos “wikileaks”; "flash interview" com Jorge Jesus, no Beira Mar-Benfica; … ?! Parece que está tudo à beira da loucura!

A justa medida das coisas, como fazê-lo?!

Diácono Daniel Rodrigues, do que conhecemos, foi assim que, na determinação, seriedade, dedicação, vimos a Verdade. Apesar de estarmos entre os últimos a poder falar, este apontamento, e várias páginas de vida, será seu também, porque sempre o foi! Na hora em que o vemos partir, um Homem Ilustre de Aveiro, em si lemos as virtudes da Vida!

(PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.30)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Vamos grevar!?

 

Poderá ser um neologismo, claro. Mas, depois de um fim-de-semana de embriagante glória, uma glória por coisa pouca! Far-nos-á ser um país maior, mais competitivo, mais eficiente com uma vitória num jogo “amigável” de futebol com a Espanha?! E a cimeira da NATO?! Correu tudo bem… ainda bem! São aquelas coisas que é preferível serem assim mas não alteram nada do que temos de fazer.

Aliás, é muito interessante, nestas coisas que vão acontecendo no mundo e tem a nossa participação, haver entre nós quem duvide das próprias capacidades de estarmos talhados para o melhor, para a excelência! Porque reunimos num “pequeno rectângulo” tudo o que o Criador pode colocar ao dispor das mulheres e dos homens: clima; carácter; criatividade!

Porém, estas características acabam por colidir quando começamos a olhar para o lado sem visão crítica e com algum mesquinhismo, a desconfiança por ter tanta oportunidade num país tão pequeno! Olhamos para o lado ou assobiam-nos do lado, como as sereias na viagem de Vasco da Gama, e ficamos perturbados, sem fazer o que devemos. Nestas coisas deveríamos ver mais longe.

É por este ângulo que se vê, por exemplo, com é tratada uma eventual parte do texto (ainda desconhecido!) do Papa Bento XVI, “Luz do Mundo”, sobre alguns acessórios no relacionamento humano! – é caso para dizer que até chega a ser evidente alguma confusão semântica entre o acessório no acto com o assessório do acto!? Alariado sobre o óbvio?!

E, por fim, num país com as dificuldades financeiras que são expostas ainda há coragem para fazer greve?! Parece que isto não vai com greve, vai com trabalho sério de cima a baixo!

Com tanta gente a dizer que faz tanto – entre esses, por vergonha, também vamos no rol – como foi possível chegar aqui!?

Isto merece, não uma greve, em que mais uma vez quem trabalha fica a perder um dia de vencimento (após o dia de pagamento do ordenado e subsídio de Natal dará a ilusão de um desconto não fazer falta!), mas a invocação da outro artigo da Constituição, o 21º, o direito à resistência!

Quem fica a ganhar com a greve? É necessário fazer mais e, como a cigarra do conto, cantar menos !

(PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.24)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.16

 

Voltar ao Mar!

Todos os dias são fonte de inspiração para partilhar apenas um olhar sobre as coisas. A Cimeira da NATO, que ocorrerá em Lisboa, merecerá a nossa atenção. Neste dia, 16 de Novembro, valerá a pena salientar o que seguramente faz de Portugal um membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (sigla que deriva do inglês North Atlantic Treaty Organization) com particular preponderância: o mar!

Hoje celebra-se o Dia Nacional do Mar. Uma data comemorativa da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), que entrou em vigor a 16 de Novembro de 1994, tendo sido ratificada por Portugal a 14 de Outubro de 1997. Em 1998, o dia 16 de Novembro foi institucionalizado como o Dia Nacional do Mar!

O Mar continua, insiste o Presidente da República, a ser a nossa porta para o Mundo. Deveria ser – acrescentamos nós!

Apontamos quatro boas razões para a ele voltar.

Desde logo, como primeira razão, por termos um território tão grande que faz de nós um país enorme! Como está submerso não lhe ligamos muito. Mas, na verdade, a riqueza que as nossas águas possuem (em fauna, em flora, em energia, em corredores de navegação,…) são elementos suficientes para ser considerados! Valeria a pena classificar esses canais de circum-navegação como SCUT! Depois, instalavam-se uns pórticos… já estava; mais receita!

Há também uma segunda razão, a histórica. Sempre que nos fizemos ao mar, consolidámos a nossa independência! Só perdeu quem ficou em terra, como o “Velho do Restelo”. Sair para o Atlântico e abrir novos mundos ao mundo continua actualíssimo. Não é uma saída de explorador, o que defendemos. É descobrir ou redescobrir a aquacultura, a agricultura, o turismo,… que entre nós ou nos países próximos podemos investir, crescer juntos. Não nos parece que seja muito rentável pensar investir, para produzir, em países do espartilho continental!

A terceira razão, o (Beira) Mar da nossa Região, da nossa cidade!

Com ou sem problemas de Direcção, há um mistério, que tem rosto, como é evidente, no percurso que está a ser feito nestas duas últimas épocas. Como com tão pouco se faz muito e com dignidade?! Tudo o resto, deve ser resolvido pelos sócios. Fixamos no que se vê, no salta à evidência, e tem de ser sublinhado.

Por fim, o nível do mar! Está perigosamente a subir, é preciso dedicar-lhe mais e melhor atenção! Sobre isto não há dúvida nenhuma que ou vamos lá ou vem ele para cá!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.09

 

“In”, “out” e a Soberana!

O título pode ter algo de jocoso. Aceite-se como o mais conveniente em tempo de intempéries: as de sempre, as da estação e as outras!

Assumindo-se como referência curiosa fazer uma abordagem das coisas partindo dos estrangeirismos “está dentro” e “está fora”, que é como quem diz, está na moda ou está “démodé “, declaradamente nós (portugueses) estamos “in”.

A nossa “Soberana” (a dívida) está a ser solicitada por todas as economias do mundo. Basta ver que, por estes dias, esteve por cá o Presidente da Venezuela, o Presidente Chinês, hão-de vir os da NATO! E é muito provável que assim continue.

Claro que pode não haver correlação causa-efeito, também não era para a haver. Os Soberanos encontram-se tantas vezes por ser encontrarem que estes (passados e futuros) encontros poderão não dar em nada. A opção é trabalhar mais e gozar/gastar menos ou continuar na mendicidade!

Bordalo Pinheiro teria moldado um boneco à circunstância, um português a apregoar… um pregão: “ Olha a Soberana Portuguesa!”

Sabendo nós que a dívida soberana pode ser interna, quando os credores são residentes no país, e externa, quando resulta de empréstimos e financiamentos contraídos no exterior, que, por pouparmos pouco, produzirmos pouco e gastarmos muito, é o nosso caso, estamos quase a entregar a Soberania a outros (novas formas de conquista imperial) e estes aproveitam o que temos de melhor, fecham os serviços que na perspectiva deles não funcionam ou estão anárquicos de cima a baixo, põe-nos a trabalhar de sol-a-sol e os mais dotados (física e intelectualmente) são deportados!

Com a caricatura dramática que é importante adornar estas coisas da ironia, ouvindo o diário da nossa vida, em Portugal, a Saúde, a Educação, a Justiça, os Apoios Sociais, a Cultura parece que precisam de mais uma revolução! Ora, ao vendermos a Soberana a quem, eventualmente, não tem uma apetência especial por estas coisas “menores” – e esse é um risco autêntico! – só pode fazer-lhes o mesmo que no seu país de origem, a realidade que conhece melhor: fecha-os!

Melhor será aprender a plantar arroz… para, chegada a hora, não ficarmos “out”!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.02

 

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!!!

Os tempos que vivemos são mais importantes pela matriz que o calendário apresenta sobre os dias 1 e 2 de Novembro, com uma expressão generalizada na Europa a partir dos Séculos VII e VIII como dia de Todos os Santos, e , a partir do Século X, oficializado nos Séculos XIV/XV, o dia dos que “deixaram de exercer a sua função” ( terrena), os Fiéis Defuntos. Daí, fazermos esta ressalva no pórtico deste apontamento.

Mas estes dias, dando lugar à miscigenação de culturas, são precedidos pela noite do 31 de Outubro, o Halloween anglo-saxónico.

Terá origem no festival do calendário celta da Irlanda, o festival de “Samhain”, celebrado entre 30 de Outubro e 2 de Novembro, que marcava o fim do Verão (samhain significa literalmente "fim do verão"). Seriam festividades marcadas pelo druidismo; o conhecimento e uma certa religiosidade natural associada a interpretações da mutação e explicação das origens da vida. Com a Romanização, estas festividades tomaram como referência os ritos de passagem, da morte, associados aos momentos mais ocultos da vida.

O cristianismo redimensionou a evocação assumindo-a como vespertina ou vigília. Na tradução para o inglês, esta vigília (Vigília de Todos os Santos), traduz-se em “All Hallow’s Eve”, passando depois pelas formas “All Hallowed Eve” e "All Hallow Een" , que evoluiu para a expressão actual "Halloween".

E, mais para aqui mais para ali, retomou-se a associação aos druidas, ao misticismo da bruxa, da feiticeira ou feiticeiro!

Chegados a esta terra de gente séria, de Santos também, nada melhor que ilustrar o nosso sentir com recurso a Miguel Cervantes. Sancho Pança, escudeiro fiel do cavaleiro da triste figura, dizia ao seu amado mestre que "Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay..." (in El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha). O simples mas avisado Sancho tinha a convicção de uma coisa, não acreditava na existência das bruxas, mas temia a força desses seres das sombras.

Neste tempo de Santos, estamos quase que a retomar os sentimentos dos primórdios, e ficamos, graças às manobras do obscuro, sem confiança para poder por de parte “que las hay, las hay..”! É que o Santos de agora (chama-se Teixeira!) deixa-nos a todos num limbo entre a esperança de uma vida melhor (as promessas do Dia de Todos os Santos) que nunca mais chega e a perspectiva de não termos mais função aqui (passarmos a defuntos, no sentido etimológico!).

Não faltam avisos, evidências, que corroboram este sentir nacional. As circulares (plural, sim, são duas!) da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação, que chegaram na noite de 29 de Outubro – como convêm às coisas tenebrosas! – são só mais um indicador da caça às bruxas! Não interessa se vem um, dois, três anos atrasadas as explicações pedidas ao tempo; quantas reuniões sobre a matéria?; quantas manifestações?;... Agora, finalmente, fez-se luz! Não importa quantos quadros da Administração já soçobraram; apenas uma convicção, isto agora é que vai ser “à séria”!

Assim, é ridículo!