Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 28 de junho de 2011

Os prazos a prazo

Encontramos por aí alguns sinais de que ou andam todos (os povos de meio mundo) perdidos ou nós andamos, em muitas matérias, em contramão.

Qualquer projecto carece de planificação, no início; operacionalização e monitorização de processos; e, para o fim, síntese da avaliação e resultados.

O Governo tomou posse há dias. Já lá vai uma semana, é certo, mas ainda está em pleno exercício do mandato. Para o final, dos quatros anos,…não falta tudo. Porém, teremos de dar espaço a que construa alguma coisa.

Uma entrada destas pode sugerir que alinhamos pelo coro dos insatisfeitos da vida e tudo quanto é exercício de cargos (públicos ou privados) é varrido como “cambada” e seus sinónimos (corja, gentalha, súcia,…); epítetos dos mais lisonjeiros entre os pejorativos. Nada disso!

Reafirmamos quatro princípios fundamentais, para dar a volta às coisas que são nossas, comuns a todos.

Em primeiro, saber quem faz o quê. Aceitar ser governado. Quando e quem exerce um cargo para o qual legitimamente foi mandatado, deve ser levado até ao fim. Sair a meio, só por vontade do próprio. Caso contrário, incompetente é quem mandata. Será incompetente porque não se muniu dos elementos mais fundamentados para o discernimento e será incompetente porque revelará não saber usar das competências que lhe são próprias: poder escolher para um determinado período ou prazo.

Posteriormente, porque é demasiado incomodativo, calar um pouco para saber algo sobre o assunto. Tantas opiniões sem critério, também conhecidas por suposições, conjecturas, e outras coisas piores, ao jeito de Harry Potter, é mero exibicionismo para retirar a serenidade às pessoas e condicionar o exercício dos cargos.

Depois, cumprir os prazos e fazer com que se cumpram. A operacionalização das coisas tem sempre necessidade de algum tempo de maturação, necessário para a consolidação da ideias, dos planos. Ora, em tempo de se apelar a direitos ( a República dos Direitos!) para quando um pouco de dever!? Parece verdadeiramente patético os comentários a propósito e a despropósito com que se incendeiam as opiniões, se inflamam ânimos. Há Ministros que ainda não tiveram possibilidade de se sentar na cadeira do Gabinete e Secretários de Estado que ainda o não são e já estão rotulados de não imputáveis ou inimputáveis, de tecnocratas, sem experiência, etc., etc., etc., Num país de tão grandiosos frutos, com tanta ideias em julgar os outros e as suas acções, só custa aceitar como não estamos no topo mundial.

Por fim, sintetizar a avaliação e apresentar resultados… responsabilizando quem o deva ser.

Não é algo que nos apeteça muito. Queremos resultados antes de tudo. E, também antes de tudo, já estamos a colocar na rua da amargura. Chega a ser fino, quando se falha redondamente, apresentar a demissão; um gesto que chega a merecer elogios no lugar da responsabilização por actos e resultados danosos.

Porventura, com receio de colocar em causa a democracia, outorga-se a ditadura! Porque esta liberdade é a melhor ditadura.

(in Correio do Vouga, 2011.06.28)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Vamos a exame

 

Há uma divisão de sentimentos perante este evocativo.

Sim, é preferível partir para acção do que colocar qualquer dúvida sobre o feito. Porque, no início de semana, ficámos a saber que não é fácil passar pela prova, tão típica na época como são os santos populares e todas as romarias associadas.

Prestar provas é normal em todas as etapas da civilização. São momentos simples em que um candidato demonstra aos demais (candidatos ou titulares de qualquer condão) as melhores competências para o exercício de um ministério.

Porém, o ambiente e ambição que se depositam em torno do acto ou da função futura, normalmente imbuída em prestígio ou dinheiro, transformam a simplicidade em absurdo, o sonho em desgraça, em verdade ou mentira, em honra ou vexame.

Na expectativa, ninguém vai a exame para ser menos.

Vemos o enterro de uma mudança, quando no hemiciclo parlamentar o candidato fica só; sem grande razão não é sufragado pela maioria; desiste do sonho que transportava para que outros pudessem sonhar independentemente também!

O Governo de um país caminha “como ovelhas para o matadouro”, sob uma matiz que, chega-se a não desejar, se apresente a uma torpe de algozes prontos a devorar.

- Quem são esses que ostentam gravatas finas e vêm ao encontro do pobre e desfavorecido que não se sabe governar?!

- São apenas – diria qualquer personagem de Herculano ou Quental – os senhores que nos sustentam e que à lei da morte nos vão remeter se não… passarmos no exame, senhor!

- E quem são esses que, mesmo no exame, fazem da batota uma arte ilusória de quem serão capazes de socorrer os que deles precisarão?

- São apenas, senhor, candidatos ao Magistério Público.

- E quem são esses milhares de jovens que, de exame em exame, caminham para o fim do seu curso?

- São o futuro, senhor.

- E quem são estes que perante exames tão positivos (diagnóstico complementar do médico) os vejo tão distantes e absortos em pânico!?

- Serão o passado, senhor, se se confirmarem os resultados!

No presente, é o que temos: exames, sempre exames. Cada dia traz a cada um momentos para examinar e ser examinado. Desde os primeiros momentos em que, ao espelho, conforme uma série de elementos subjectivos escolhemos a peça de roupa para vestir, até aos momentos mais determinantes, por serem raros e de maior responsabilidade.

Contudo, o que custará mais não será o acto é, isso sim, não estarmos preparados para responder ao solicitado. Vale para as pequenas coisas como vale para os maiores.

Preparemo-nos, então!

(in Correio do Vouga, 2011.06.21)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Um último olhar para a minha escola, uma “árvore boa”

A nossa escola, as escolas por onde fazemos o nosso percurso de amadurecimento de competências, de aprofundamento de conhecimentos, de descoberta de relações para toda a vida são muito mais do que nós próprios e os espaços que percorremos.

A nossa escola… somos muitos!

Esta afirmação é cada vez mais evidenciada nos vários actores que se inter-relacionam nas acções que a vida proporciona. Quando olhamos para a pessoa que caminha ao nosso lado, em educação, nada está terminado. Há adultos bem educados, há jovens bem educados. É a materialização da afirmação de que “pelos frutos conhecerão a árvore!”.

Na educação, os frutos provêm de uma árvore com diversificados enxertos; por isso, encontramos frutos tão bons onde nem vida parecia existir. E também acontece haver árvores frondosas sem fruto algum – aproveita-se a sombra, se sombra souber fazer!

Todos os dias somos árvore e somos fruto! E somo-lo em simultâneo, de forma gratuita e bela, quando nos apresentamos em qualquer momento. Do outro lado, o nosso interlocutor, perceberá se sou bom fruto (porque dou provas de ser de boa árvore) ou se sou árvore (boa ou fraca, conforme a minha linguagem, presença, saber-ser, saber-estar, saber-fazer).

Foi sob o tema “Ílhavo, comunidade educativa”, terra de óptimas árvores e excelentes frutos, que nos apresentámos ao ano escolar (2010-11) que agora começamos a terminar.

Retomando a metáfora, aos Professores, aos Pais, aos Assistentes, aos Parceiros Educativos, aos Alunos parabéns pela árvore que fortaleceram, obrigado pelos frutos proporcionados.

Bons ou maus frutos!? Que se cuidem as árvores!

(in Jornal Aberto, Junho 2011)

Dar ao verbo

 

Em ambientes rústicos, simples, campesinos, nem sempre necessariamente muito cultos, há expressões do linguajar entre as pessoas que remetem para grande erudição. Entre essas expressões encontramos esta, que encima o apontamento, “dar ao verbo”.

“ Dar ao verbo” utiliza-se para referir os momentos em que as pessoas se entretêm a conversar. Portanto, “dar à palavra”, dialogar. Mas a expressão também é utilizada para reportar significados pejorativos, aqueles que perdem o seu tempo em conversa desnecessária ou aproveitam possíveis pausas no trabalho prolongando-as em demasia. Com o mesmo sentido pejorativo, refere-se quem usa as palavras sem medir as consequências.

Aparentemente saturados de ver países em incumprimento, a Europa, através do Banco Central Europeu, do seu presidente Jean-Claude Trichet, continua a “dar tiros no Porta-Aviões” e, vá lá saber-se porquê, com que intenções, pôs-se a dar ao verbo, na pior das formas. Esta semana, afirmou que os países que não cumpram devem ser penalizados. Ó palavras dadas, porque quem deveria proteger a todos por igual!?

Os mercados financeiros começaram imediatamente a agravar os juros. Os países em dificuldade ficaram ainda com mais dificuldades.

Em Março, o banco da zona euro foi o primeiro dos grandes bancos centrais a subir a sua taxa de juro, levando alguns economistas a acusarem Trichet de estar a precipitar-se. Porque, segundo essas análises, ao mesmo tempo que não resolve a pressão inflacionista em França e na Alemanha, este aumento torna muito mais difícil o período de austeridade nos países periféricos como Portugal, atrasando a sua recuperação.

A lógica parece ser simples. Apesar da subida da taxa de juro tornar a moeda única mais atractiva para os investidores, um euro mais forte torna as exportações europeias mais caras. O problema é, como no caso de Portugal, não houver crescimento das exportações para compensar a contracção do mercado interno em 2011.

Afinal, para que servem estas instituições europeias?! Para “dar ao verbo” fazendo com que os pobres fiquem mais pobres?!

Todas as histórias de alargamentos da União Europeia, os Tratados para fazer desta União uma força que Jean Monet e os visionários da Europa liberta de conflitos e económica e socialmente próspera idealizaram está falida. Falida de conteúdo, de Estadistas.

Os alargamentos mais não foram do que uma extensão de expropriações territoriais, do Atlântico aos Urais, sob o jugo de cobradores de impostos e agiotas. Com as fronteiras mais ao largo, o centro está mais protegido, ou talvez não.

Do triunvirato (carvão, aço e energia atómica dos primeiros momentos) já pouco resta como duradouro. Talvez por isso, surjam por aí umas Troikas; mas, provavelmente, nem elas irão resistir a um ambiente que se quer mais limpo!

(in Correio do Vouga, 2011.06.15)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Um governo novo

 

Nos próximos quatro anos, o país terá, como é urgente que assim seja, um novo Governo, conforme manifestação de cerca de 50% dos portugueses!

Sobre o Governo e como ele se constituirá, teremos muita informação. Porém, há um aspecto que nos merece, tanto a nós como a todos os que queremos ver o nosso país mais próspero, mais desenvolvido, mais competente, mais responsável, mais sério,… com futuro, merece que seja alterada esta nossa (portuguesa) maneira de estar nas coisas importantes: de assobiarmos para o ar, de falamos para o lado, de apoiarmos a mediocridade e conveniências com impávidos e ataviados acenos de cabeça aos que dizem mal, de aceitarmos com passividade a demissão.

Somos, realmente, do “oito ou do oitenta”!

O número de portugueses que não quer saber, mesmo que tenha todas as razões para isso, de quem os vai governar e que acrescenta, à boca pequena entre amigos e de pulmões cheios quando sente o conforto do grupo anónimo, impropérios acusatórios de serem todos uns malandros, ou coisa pior, é matéria que dá que pensar.

Mas será que sabemos exactamente quanto ganha quem nos governa? Temos consciência do trabalho que dá governar um País, uma Câmara, uma Freguesia, uma Empresa?

Pensamos que, em democracia, mesmo com todos os truques, quem se predispõe a governar fá-lo com base em sufrágio, deve merecer todo o nosso apoio e, quando chega a hora de votar, votar, não faltar aos actos eleitorais. É na preparação de cada um para esse acto que está o melhor contributo para a escolha de quem dá mais garantias, quer como perfil de desempenho quer por ideias que apresenta e defende.

Sabemos, seja quem for nas áreas que forem, o trabalho é proporcional às responsabilidades. Porque, como muito bem sabemos, “quanto maior é a nau, maior é a tormenta”! Então, a justiça começará em pequenas coisas.

E votar, e votar de forma séria, participativa e elucidada é um dos maiores trabalhos a que nos deveríamos dedicar – como aliás, por outras palavras, o defendeu o nosso Presidente da República.

Na nossa opinião, o melhor contributo que podemos dar ao nosso país, para que todos sejamos mais felizes, passa por: ser mais competente (ter mais conhecimento sobre o que fazemos e sobre as consequências do que fazemos, para não sermos “burros de carga”); gerir melhor o tempo; querer ser melhor; deixar que nos governem e estar atento a esse exercício (em Lisboa, em Aveiro, na nossa empresa e serviço); ter por princípio que, se alguém triunfa, eu posso (e devo) triunfar também!

Enfim, sonhos… ou talvez não!?

( in Correio do Vouga, 2011.06.08)