Em frente, vamos!.
EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...
Páginas
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Falta de educação
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Declaração Universal dos “Deveres” Humanos
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Milhões
Só a expressão é altamente desafiante, impele-nos para o superlativo!
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Não há ambiente
É comum, como desbloqueador de conversação ou constatação de facto, utilizar-se a expressão (não há ambiente) com alguma criatividade semântica. Poder-se-á dizer que o contexto onde determinada situação pode ocorrer não tem todos os requisitos para que tal se proceda; poderá querer-se ironizar com as circunstâncias, gerando na negação como que uma antítese. Por fim, há coisas que saturam tanto que fazem o ambiente irrespirável - a congeminação na projeção (mecanismo de defesa, da psicologia) é uma delas!
Das “redes sociais” entende-se que após solicitação feita à CM Aveiro, no sentido dos moradores do Albói serem esclarecidos quanto ao verdadeiro projeto para o Largo Conselheiro Queirós, no prazo de 48 horas, e ultrapassado esse tempo, os mesmos continuam sem obter qualquer resposta?!
Juntaram-se (neste protesto), levaram uma cadeira e... "ESPERARAM SENTADOS".
E esperaram mesmo! Isto é, indignados puseram-se a caminho, agiram!
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Distinção e solidariedade
Distinção. Chama a nossa atenção a Semana Europeia de Prevenção de Resíduos 2012, que decorre entre 17 e 25 de novembro.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
A Convenção de Merkel
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Suspensos por ter
terça-feira, 30 de outubro de 2012
O silêncio dos bons
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Malparado e a esperança desta hora
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Dignidade e indigência
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Uso, abuso e desuso
terça-feira, 2 de outubro de 2012
À espera do nada
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
A força da rua ou a rua sem força
Estamos claramente num impasse.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Setembro e a educação
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Já se ouvem novas vozes
terça-feira, 31 de julho de 2012
Atletas ocasionais. Otília Martins
terça-feira, 24 de julho de 2012
Do Olimpo não muito distante
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Carreiras e classe
terça-feira, 10 de julho de 2012
A partícula redimida
A origem do apelido “a partícula de Deus” terá início numa circunstância meramente acidental?! É provável.
Nos anos 90, Leo Lederman, um Prémio Nobel, decidiu escrever um livro de divulgação sobre a física de partículas. No texto, Lederman referia-se ao bosão de Higgs como “The Goddamn Particle” (“A Partícula Maldita”) pela dificuldade em ser detetada.
O editor do livro decidiu, sabe-se lá porquê, mudar o termo “The Goddamn Particle” para “The God Particle” e assim “A Partícula Maldita” converteu-se na "Partícula de Deus”.
Esta particula começou a ter expressão na investigação quando, em 1964, uma equipa liderada pelo físico inglês Peter Higgs, propôs a seguinte solução: todo o espaço está cheio de um campo, que não podemos ver, mas que interage com as partículas fundamentais. O eletrão interage muito pouco com esse campo e, por isso, tem uma massa tão pequena. O quark “cimo” interage muito fortemente com o campo e, por isso, tem uma massa muito maior.
Entre as analogias mais comuns para fazer compreender o conceito, dá-se a comparação entre uma sardinha, por exemplo, e uma baleia. A sardinha nada muito rapidamente porque é mais pequena, tem pouca água ao redor. A baleia é muito grande, tem muita água ao seu redor e, por isso, move-se mais devagar. Neste exemplo, “a água” tem um papel semelhante ao “campo de Higgs”. Esta teoria, entre outras hipóteses de estudo que abre à investigação, vem trazer mais um contributo para a compreensão da massa de todas as partículas, originada por um campo que enche todo o Universo.
Esta massa, que não se vê, permite colocar o acento noutras massas que também não se veem mas sabemos que são poderosas e interagem condicionando ou querendo condicionar a existência humana.
Em termos sociais é um expressivo caso de estudo: as massas! A energia que é necessário para as mover.
Cada vez mais torna-se importante estar atento aos pormenores para descortinar por onde se movem as forças do universo!
Nunca é suficiente o que já se fez. O mais importante é o que ainda não está feito, nomeadamente encontrar espaço para a Memória.
Parece claro que o equilíbrio de forças está muito tendencioso, e nem sempre pelas melhores motivações.
terça-feira, 26 de junho de 2012
A lei e a ética
terça-feira, 19 de junho de 2012
Sentar para pensar e agir melhor
terça-feira, 12 de junho de 2012
Jogar como nunca, perder como sempre
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Refolho
Há quem lhe chame hipocrisia, fingimento.
terça-feira, 29 de maio de 2012
Mil milhões para quota máxima
Estamos mais descansados. O Governo e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) acordaram uma linha de crédito de mil milhões de euros para permitir o pagamento de dívidas a curto prazo das autarquias (vencidas num prazo de 90 dias).
O anúncio feito vaticina que ficou definido, "através de um acordo de caráter inédito" que este "programa de apoio" irá beneficiar as economias locais. É neste aspeto que os portugueses, que são munícipes também, nesta justaposição de poderes e serviços, todos nós, portanto, podemos respirar de alívio: há esperança! Ou não?
Perante tanta panfernália, manda o senso comum que “quando a esmola é grande o pobre (deve) desconfia(r)”, levantam-se muitas inquietações; ponderámos algumas.
Mil milhões para tapar um buraco que estaria a descoberto dentro de noventa dias?! É isso? Será mesmo verdade? – preocupante. Como estará o resto do crédito? !
Depois, o Ministro Miguel Relvas sublinha que o acordo "deixa bem claro que os municípios não ficarão à margem do esforço" que está a ser feito por todos os cidadãos e pelas instituições no âmbito do acordo com a 'troika'. Por isso, apontou, as autarquias não podem aumentar as dívidas a curto prazo nem deixar os seus serviços entrar em rutura, sob o risco de terem sanções pecuniárias.
Esta ameaça do Governo Central está eternizada, há séculos que é assim. D. Afonso Henriques disse o mesmo à mãe!
Mas será que aqui há gato?
A terceira inquietação, provem d’ O Diário de Notícias, na rubrica “Revista de Imprensa”, que revela a “pontinha do rabo de fora” baseado no que diz o Jornal de Negócios, o spread exigido é muito vantajoso, mas as câmaras são obrigadas a exigir o máximo aos munícipes. O "Jornal de Negócios" escreve que o Governo quer obrigar as cerca de 70 autarquias em situação de rutura financeira a aumentar todos os impostos municipais e taxas para níveis máximos, como condição para aceder à linha de financiamento de mil milhões de euros destinada a pagar as suas dívidas a curto prazo.
Por fim, a cereja no topo do bolo, o acordo firmado entre o Governo e a Associação Nacional de Municípios estabelece ainda que, para se candidatarem, as autarquias devem desistir de processos que tenham interposto ao Estado. O Executivo quer garantir, assim, uma maximização das receitas nos municípios que venham a aceder à linha de financiamento que será disponibilizada e libertar-se de sarilhos! Há determinadas regiões da Europa que protocolam o mesmo e têm epítetos pouco abonatórios!
Efetivamente, alguém anda louco e, no caso, é acima de tudo a falta de critérios, a asfixia financeira, o desgoverno das nossas coisas: pobres (e mafiosos?!) sempre os tereis.
(in Correio do Vouga, 2012.05.30)
terça-feira, 22 de maio de 2012
Académica, outra vez!
Em tempos de contenção e austeridade, quando milhares de jovens olham o futuro com baixa expetativa, isto é, sem saber como concretizar o seu futuro, um grupo (supostamente) de estudantes da Academia de Coimbra ergue o troféu mesmo ali, em plena capital do império!
Se há 43 anos a voz dos estudantes foi prenúncio do fim do regime, precipitou os acontecimentos, mobilizou os adormecidos, catapultou os agrilhoamentos para as capas da comunicação do senso comum, a final da Taça de Portugal de 2012 deveria ser iconografada com igual simbologia.
Então como agora, resta pouco, só há uma saída… sair!
Mas sair para onde?
Os primeiros passos terão de ser sustentados no combate à falta de solidariedade entre as instituições e as pessoas. Os últimos anos trouxeram demasiado rápido o que deveria ser construído de forma sustentada. Não são grandes posses ou orçamentos que têm os melhores resultados! Olhando novamente para a Académica, nota-se, mesmo sendo uma observação muito comum, que foi a solidariedade que deu força à ambição.
Depois, rigor nos desempenhos. Tarefas definidas, uma sociedade organizada e distribuída pelo todo.
A mesma inspiração vamos buscar a este feito glorioso de Coimbra. As competências têm de ser potenciadas por todas as zonas do campo, isto é, de acordo com as potencialidades de cada região. Portugal ainda assim é muito grande para produzir algo.
Por fim, sentir que os contributos de todos são necessários, no governo das coisas, na justiça, na saúde, na educação, nos setores industriais e produtivos,… não ter medo de sujar as mãos, de produzir algo que faça história em detrimento de ficar eternamente de chapéu na mão a mendigar esmola.
No fundo, a Académica demonstrou que é possível, que todos são necessários, que a vida é feita, recuperando a fábula, mais de formigas trabalhadoras do que de cigarras encantadoras e mendicantes.
A mais importante das emigrações é que se deve fazer cá dentro: sair do atavio que séculos de de mendicidade tem produzido!
(in Correio do Vouga, 2012.05.22)
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Novamente de novo
Numa escola, devemos, em cada passo, ser gesto, palavra, atitude, caráter; tudo isto porque interagimos permanentemente, em tudo, uns com os outros (comunidade escolar). E, de nós, todos esperam que sejamos exemplo dentro da missão que nos é confiada, como escola pública: de todos e para todos.
Então, ao intitular este editorial com uma redundância, “novamente de novo”, insistência desnecessária nas mesmas ideias – como é definido no dicionário – não é em vão, sem sentido. Pretende-se enfatizar, apenas, como vamos vivendo na mais nobre das missões de um país: a educação.
Aqui, na educação, vive-se sempre ao ritmo do que é novo.
A novidade faz parte da essência do estudo/aprendizagem: descobrir novos conteúdos, novas ideias, novos conhecimentos; também, como mera ilustração, que não fundamenta nem legitima mas é paradigmático, as mudanças que cada etapa suscita (turma, escola, professores, ano, ciclo, curso, diretor de turma, colegas,…) implicam oportunidades que, elas próprias, têm algo que apontam ao futuro, para a vontade de começar de novo.
E há, “também” nestes universos diários, a essência da arte: os alunos e alunas.
Educar é, antes de tudo, um caminho de reciprocidades desde a mais tenra idade. Portanto, em cada ano mudam os rostos mas continua, no essencial, a juventude, a esperança, a rebeldia, a curiosidade dos jovens que dão vida à escola… também com as peripécias que adoçam o engenho e a arte!
Por fim, sem querer terminar nada, o que não deveria ser tão novo assim: o sistema educativo. Não deveria ser tão novo assim mas, mais uma vez recorrendo a uma pequena abordagem elucidativa, será interessante ter presente um hipotético cenário em que um jovem, de agora, a dois anos de terminar o ensino secundário, que entrou (no sistema) para o primeiro ano em 2002, com os seus seis anitos, o que levará da escola, se não for a estabilidade emocional e racional dos seus professores?
Com um algum gosto pela história recente, poderá, o referido jovem, lá para setembro, contar a um colega mais novo do seu novo agrupamento de escolas: “desde que entrei na escola, já lá vão seis… Ministros (da Educação). Tive, logo no início, o 1º, 3 de Julho de 2001 — 6 de Abril de 2002 — Júlio Pedrosa; depois, 2º, 6 de Abril de 2002 — 17 de Julho de 2004 —David Justino; 3º, 17 de Julho de 2004 — 12 de Março de 2005 — Maria do Carmo Seabra; 4º, 12 de Março de 2005 — 26 de Outubro de 2009 — Maria de Lurdes Rodrigues; 5º , 26 de Outubro de 2009 — 21 de Junho de 2011 — Isabel Alçada; 6º, 21 de Junho de 2011 - Nuno Crato”
Não admira que haja tanta resistência à mudança, há tanta novidade!… Tanta que nenhum jovem chega a suspeitar verdadeiramente por qual sistema de ensino… passou!
E, na linguagem da juventude, “já estamos noutra” (mudança)!
(in Correio do Vouga, 2012.05.16)
terça-feira, 1 de maio de 2012
A construção humana
É importante, quando passam dias-efeméride, como o dia 1 de maio, dia do trabalhador, mergulhar um pouco na causa das coisas, na génese da proclamação do dia internacional da reivindicação das condições laborais. Não queremos ir muito além neste assunto, até porque várias vezes já o aludimos. Porém, temos interesse, numa época em que é necessária, como nunca, a reivindicação, nesta época, portanto, e faltam meios e motivação para ela.
A construção humana pode ser, como organismo vivo, a aplicação concreta da fórmula que a física universalizou: é a medida da energia transferida pela aplicação de uma força ao longo de um deslocamento. Dos primórdios da Humanidade até aos nossos dias o conceito sofreu alterações de sentido, preenchendo páginas da história com novos domínios e novos valores. Do Egito à Grécia e ao Império Romano, atravessando a Idade Média e o Renascimento, o trabalho foi considerado como um sinal de opróbrio, de desprezo, de inferioridade. Esta conceção atingia o estatuto jurídico e político dos trabalhadores, escravos e servos. Com a evolução das sociedades, os conceitos alteraram-se. O trabalho-tortura, maldição, deu lugar ao trabalho como fonte de realização pessoal e social, o trabalho como meio de dignificação da pessoa. Ou seja, é importante lançar o olhar sobre o que podemos fazer para que a construção humana seja uma realidade plena, conjugadora de diversidades, de direitos, de deveres.
Todo homem tem direito ao trabalho, à livre escolha do emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. Todo homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. Todo homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. Todo homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para a proteção de seus interesses" (Artigo 23 da Declaração Universal dos Direitos Humanos)
Partindo da plataforma-génese, percebemos que enquanto há vida, há trabalho, porque viver é uma rede de sinergias, de permanente laboração. É com o trabalho na vida que a pessoa cresce, realiza, sociabiliza.
Portanto, demos esperança à vida, numa altura em que não há trabalho para toda a vida e há muitas vidas sem trabalho!
terça-feira, 24 de abril de 2012
Liberdade: esperança ou resignação?
Comprometidos com a história, porque existimos, porque recolhemos os dados, analisamos, interpretamos, projetamos o futuro com base na investigação, não é aconselhável olhar para um acontecimento de forma acrítica ou evocar uma data por uma única conceção de história.
Esta nota introdutória, surge a propósito do 25 de Abril e das contradições “reinantes”, convém reservar, entre comas, a expressão reinante dado que vivemos num regime republicano.
O grande herói da revolução de abril foi o Povo Português. É sempre assim nas revoluções. A razão é muito linear, simples portanto. É o Povo, a massa anónima de pessoas (não acreditamos na força do indivíduo mas sim no poder das pessoas!), de famílias, de centros de cultura, de dinâmicas religiosas, cívicas, etnográficas; de impulsionadores de valores que servem a totalidade (mesmo quando passam, posteriormente, a ser “apenas” maioria) …. de todos os círculos da ação humana! Se o Todo não percecionar que há mais vida para além da acomodação exploratória ou persecutória do poder ou regime vigentes; e se, colocado em movimento a espiral de mudança, desses mesmos poder e regime, não houver uma convergência de vontades, nunca uma revolução o será. Passará à história como uma intentona, um atentado que foi aniquilado à nascença, por mais estragos que provoque. E as pessoas lamentarão o sucedido mas socialmente continuarão a censurar “quem não tem mais nada que fazer” – os autores dessa intentona ou atentado!
Após o momento do qual já não há retorno, que pode muito bem ser uma súmula de pormenores fraturantes com o passado vigente, expresso por símbolos ou representado por pessoas, então abre-se uma nova aurora de esperança.
Mais uma vez o Povo, em todas as suas representações, é determinante: valida ou condena. Esta é a linha ténue que separa o sucesso do fracasso, por mais preparada que esteja toda a trama. A adesão de um Povo é mobilizada pela alma e caráter de quem lidera o momento! E o sucesso provém de se perspetivar uma vida melhor. Isto é, em cada um pode aspirar de forma sustentada a passar de massa anónima a protagonista da sua própria existência. Isto tem um efeito catalisador, mobilizador de vontades, de triunfo da revolução.
Mesmo assim, pousado o pó do reboliço sobre a calçada ou caminho de cada dia, se não houver sinais de abertura à pessoa nas suas integridade e integralidade, todos podem achar que valeu a pena mas, na alma de um Povo, apenas resta a resignação sob o engano de quem constata que uma ditadura sucedeu a outra. Fracassa a revolução. Então, silenciosa mas constante, vai elevando-se a esperança que uma nova vaga emerja para derrubar os donos da mudança, afinal iguais a todos os outros… até na sede de poder!
É por tudo isto que já não há paciência, em nome da revolução, para quem quer alvorar-se em “dono do 25 de Abril”.
Para o perigos iminentes, deixem que os protagonistas da revolução acreditem que valeu a pena e ganhe alma o Povo português! Conquistou-se a liberdade, durante mais de meio século, sim mais de meio século, e agora faz-se perder a esperança.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Fenómenos naturais
Haverá qualquer coisa de normal nesta forma – seria exagero apelidar de modelo – com que os ricos manifestam estar saturados dos pobres!?
A ausência de solidariedade gerará recrudescimento da esperança?!
Sem querer demorar muito na abordagem ao desenvolvimento histórico assente no desenvolvimento das forças produtivas, protagonizado por Marx, não deixa de merecer especial cuidado analisar que o mundo acaba por ser mais justo quando os modos de produção são a junção das relações de produção com as forças produtivas. As forças produtivas constituem instrumentos de produção, dos objetos e da força de trabalho dos homens e das mulheres. O direito ao trabalho, ao salário justo, a cuidados sociais assegurados pelo contributo equitativo de todos são garantia nas relações de produção e as relações que os homens mantêm entre si no processo produtivo, as quais se manifestam no tipo de relações que se estabelecem entre os agentes económicos e os meios de produção.
Assim, de forma acusatória e sonegada não há relação que resista.
Esta história já foi estudada! Está publicada.
Por curiosidade, recordamos uma sitcom (abreviatura da expressão inglesa situation comedy - "comédia de situação", tradução livre) exibida nas noites de domingo pela Rede Globo, que passou entre nós através da estação SIC, “Sai de Baixo”, em que um dos personagens, Caco Antibes, representado por Miguel Falabella, tornou célebre a expressão “odeio pobre”! Até parece que a representação ganhou vida, tornou-se ela própria um sistema.
O mundo está à espera que os pobres fiquem, novamente, saturados de quem os explora!
A injustiça é a força mobilizadora das revoluções.
Com tanta apatia e avareza, parece um fenómeno natural.
terça-feira, 3 de abril de 2012
No fascínio da abundância, o deserto!
Inspirados, na sequência da passada semana, no tempo que as culturas com uma matriz cristã são convocadas a viver, a Páscoa, somos diariamente confrontados com projetos, ideias, criações sobre a concretização de um determinado padrão de vida que, aproximadamente, se pode resumir em a necessidade provoca o engenho. Ou seja, perante a adversidade pode-se reassumir ou descobrir potencialidades ignoradas ou deliberadamente “arrumadas” nos baús da história.
Dois casos paradigmáticos, os (pre)conceitos associados a “deserto” e a “esquerda” (em italiano ainda é mais sugestivo, “sinistra”). Fiquemos pelo “deserto” inspirador de tantas peças e muito mais evoluções, revoluções, culturas.
Associada à ideia de deserto está um raciocínio prévio de carestia, de privação, de despovoamento. Como se torna evidente, esta será apenas uma perspetiva do assunto; uma perspetiva aliada à visão que se tem do essencial para viver (pessoas, comodidade, água, vegetação abundante,…), para além de outros elementos mais subjetivos de análise, como são os sentimentos de cada um perante vastidão, silêncio, conforto, etc.
Depois, ainda há as metáforas que acabam por transmitir relações pre-configuradas a um determinado conceito: “isto é um deserto de ideias”; “esta terra é um deserto”. São imagens de deserto que não transmitem outra coisa que não sejam limitações da natureza e à natureza humana.
É por tudo isto que será prudente olhar para o deserto e ver aí sinais de abundância; abundância de ideias para superar as limitações, recorrendo a um exercício de inculturação, mas ver, de forma sábia como são todos os que sabem viver bem com pouco, descobrir o melhor.
E sendo verdade que se Maomé não vai à montanha a montanha vem a Maomé, dá a ideia que a segunda parte da premissa está a concretizar-se: uma chuva de areia do deserto atingiu Portugal na última semana!
Não nos faltava mais nada?!
Uma nuvem que transportava areias do norte de África, fenómeno que se verifica com alguma frequência nesta altura do ano, “caiu” sobre nós. As poeiras no ar agravam problemas respiratórios.
Perante um quadro de falta de precipitação, surge uma chuva de poeira do deserto. As poeiras desérticas “sujam” a atmosfera, podem provocar reações nos grupos mais sensíveis, sobretudo respiratórios (alergias, asma), secura na garganta ou lágrimas e, quando “aterram”, deixam uma camada de pó muito fino que se torna bem visível em tudo o que lhes está exposto.
Em síntese, temos de fazer algo mais por nós próprios, retórica demagógica e inquéritos por tudo e por nada não estão a melhorar a nossa vida.
(in Correio do Vouga, 2012.04.03)
terça-feira, 27 de março de 2012
Pão e dignidade
Por estes dias, as comunidades cristãs (mais as Católicas de matriz Romana) caminham para a celebração dos últimos dias de Jesus Cristo em Jerusalém em que, segundo a Tradição e testemunho dos Apóstolos e discípulos, foi morto no Calvário!
Toda a caminhada preparatória do momento culminante da vida terrena de Jesus incarna na herança veterotestamentária dando-lhe uma nova interpretação, vida nova. E cada cristão é convidado, por si ou pelos seus pais, a assumir o mesmo compromisso. Porém, se há momentos da história, a começar pelos fontais e interações conflituosas do mundo, onde esta realidade nunca foi diferente, entre nós já estivemos muito próximo da terra onde jorra leite e mel, convocando para aqui a citação do Livro dos Números, do Antigo Testamento, capítulo 14 (Nm 14,8).
Por estes dias, um pouco por todo o mundo, a começar por este nosso “recanto”,Portugal, a Quaresma e o Calvário ganham novo sentido, são reafirmados. E não precisam de ser recreações simbólicas ou analogias fáceis; a vida de muitas pessoas é levada a percorrer caminhos de sacrífico, de falta de tudo.
Na ausência e fartura extremas, o ser humano tem tendência a posicionar-se no mesmo padrão, o que poderíamos convencionar por modelo dos antípodas, que consiste essencialmente em reagir da mesma forma, anti-social, perante adversidades diametralmente opostas. Sem trabalho, sem pão, sem esperança (ânimo, verticalidade) ou com muito trabalho, com abundância de pão, excesso de confiança, surgem comportamentos de disfunção social, perda de dignidade e segurança. Ou seja, a gula é tão grave como a penúria!?
Sem cair nos exageros de correntes antagónicas, entre o estoicismo, pragmatismo e a estética da vida, salve-se a pessoa!
Neste Calvário que se aproxima celebrar, é urgente coligir esforços entre todos os homens e mulheres de boa vontade para que não falte o pão e a dignidade.
( in “Correio do Vouga”, 2012.03.28)
terça-feira, 20 de março de 2012
Em nome do pai
Fazer algo em nome de alguém! Quanto honra, independentemente do grau a que nos situemos perante a figura paterna, aqui muito mais do que só isso. Afinal, este é gesto de solidariedade, de vivência dos valores mais universais. E este entrelaçado da vida, valor e eticidade, é tão intrínseco a ser-se que ninguém chega a ser alguém por si só!
É muito interessante, correndo o risco de não ser percecionado o que interessa num artigo como este, fazer uma pequena visita ao filósofo alemão do idealismo. Hegel fez uma distinção entre moralidade, que é a vontade subjetiva, individual ou pessoal, do bem, e a eticidade, que é a realização do bem em realidades históricas ou institucionais, que são a família, a sociedade civil e o Estado. "A eticidade", diz Hegel, "é o conceito de liberdade, que se tornou mundo existente e natureza da autoconsciência".
O pai será, por si, garante da ética da vida, para além de toda a obra que gera!
Os pais da nação, da pátria, das instituições, dos partidos, das normas, das constituições, das obras de arte, literatura, pintura,… pululam nos vários discursos e imaginários! Ter um progenitor, real ou em sentido figurado, atravessa a cronologia do tempo e do espaço, da beleza e da plasticidade das formas de existência.
E ninguém é sozinho. Quando faltam filhos é inequívoco de que faltam pais! Porque o pai será sempre um por cada filho, por muitos que possa ter oportunidade de ser.
Em meados de março, quando ocorre a evocação do Dia do Pai, em Portugal, poder-se-á hiperbolizar tudo para comercializar a ideia, os sentimentos, o sentido da paternidade e da filiação. Porém, as circunstâncias atuais concorrem para a experiência de que há dias que, apesar de serem universais, continuarão simples, dedicados, próximos,… como um pai. Este é um desses dias singulares.
Faltam-nos mais pais!
(in Correio do Vouga, 2012.03.21)
terça-feira, 6 de março de 2012
Os aviões
Volta e meia discute-se a funcionalidade da pista da Base Aérea de São Jacinto e a sua potencial mais-valia para o serviço civil. É um assunto com alguma relevância num plano estratégico para Aveiro, no eixo mobilidade e transportes.
Sabendo-se que já vão surgindo indicadores positivos sobre a rentabilidade de algumas linhas aéreas, de serviço entre várias cidades do país, torna-se ainda mais interessante o estudo, o debate, a hipótese. Não é de descurar nenhuma oportunidade, sobretudo quando o equipamento já existe, pelo menos em bruto – haverá sempre necessidade de reajustes, de investimento, portanto.
No meio da altercação sobre equipamentos de travessia – Ponte Pedonal sobre o Canal Central de Aveiro, à cabeça de todas as outras – fazer chegar os aviões a São Jacinto, aparentemente, isto é, segundo a informação transmitida por um Vereador em exercício na Câmara de Aveiro, trata-se de acertos de trocos, que é como quem diz, mais corretamente, de juntar as partes interessadas, assinar as responsabilidades, dar luz verde aos civis para entrarem parcialmente numa área militar.
E aqui surgem algumas questões, entre outras de maior ou menor grau de importância. Este objeto de discussão, as áreas militares, terão algum cabimento nos dias de hoje, num exército como o nosso, cada vez mais dependente da ajuda externa em caso de crise militar? Teremos nós segredos estratégicos militares que não se possa abrir uma gare, um recanto digno, elegante, barato, sem grandes contornos de novo-riquismo, que rentabilize as estruturas existentes? É que este património de mão morta, pertença do Ministério da Defesa no seu conjunto, grassa um pouco por todo o país e está a degradar-se.
Outra questão, interessantíssima porventura, será como fazer chegar os passageiros do hipotético aeródromo de São Jacinto para os seus locais de interesse? - presumindo que estes locais estarão mais do lado da cidade de Aveiro do que do lado de São Jacinto, Torreira, Furadouro… e vice-versa.
Às vezes (ironia!) valerá a pena pensar numa escala mais ampla para resolver pequenos pormenores que se entrecruzam com outros pormenores e, sucessivamente, concretizam um plano estratégico. Caso contrário, num país como o nosso, andaremos sempre em teses minimalistas que esgotam recursos e satisfazem pequenos egos e lobbies (que não existem, claro!?).
Até lá, vamos vendo os aviões… a passar sobre a nossa cabeça, mas lá para os “vinte mil pés”, não venham a afetar as ideias que andam por aí!
(in Correio do Vouga, 2012.03.06)
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Na saúde e na doença
Nos últimos vinte anos, acima das nossas capacidades ou não, progredimos imenso como país e como pessoas.
Hoje coloca-se justamente em causa o que se fez de errado nas opções estratégicas relativas à fixação de emprego, pessoas e vias de comunicação. Foi erro gravíssimo não investir mais no Comboio em detrimento do betão e asfalto. Lamenta-se a perda de oportunidades na mobilização para o interior e para unidades que produzam riqueza efetiva para o país, com os recursos que temos.
No últimos quinze anos, uns governos claramente mais do que outros, investiram na produção cultural e equipamentos que potenciassem as indústrias culturais e criativas – o ouro dos que o não têm! – como recentemente aqui abordámos.
Neste período corrigiram-se trajetórias e trajetos conhecidos como estradas da morte, modernizaram-se equipamentos fulcrais, lançaram-se projetos-âncora no conhecimento e ciência.
Nos últimos dez anos, com custos imediatos muito profundos, não só pelo custo da tecnologia mas também, e sobretudo, pela especulação dos lobbies do fóssil e do nuclear, houve grande investimento nas energias limpas e renováveis. Quanto não valeria investir mais nesse potencial limpo para cada português, que circula sozinho no seu “diesel” a caminho do emprego, se tivesse um veículo de dois lugares, pequeno, económico, de fácil arrumação, barato, que “abasteceria” (carregava a pilha) em casa graças ao painel fotovoltaico que teria no telhado?!
Lançou-se uma operação sem antecedentes na reforma sem precedentes das novas tecnologias. O país ficou no topo do mundo, pelas melhores razões.
Nos últimos cinco anos, ganhámos cem anos na educação!
Na verdade, mais uma vez, com avanços e recuos, com falhas e despesismo a qualificação de adultos e a introdução de necessidade de trabalhar mais e de forma mais séria foi notória. Mais e melhores equipamentos, plano tecnológico, parque informático,… quantas coisas!?
A saúde começou um amplo caminho de reestruturação para que mais tivessem o mínimo e que todos estivessem melhor.
Por fim, como começámos, uma crise global enraizada em especulação sem escrúpulos arrastou o mundo para o abismo; Portugal também.
Lançou-se o libelo da desconfiança sobre o Governo, veio a Troika, chegou a austeridade. Deste compasso ternário (mudança de Governo, Troika e austeridade) apenas ressalta uma constante: quem paga são os que menos podem. Ou seja, o que era investimento para desenvolver o país nada resta! Mas custa alguma coisa governar assim?
Saúde, educação, transportes, ação social são os grandes sorvedouros dos dinheiros públicos?! Mas onde está a novidade? É para que estes serviços existiam que as pessoas descontam, ou não é? Nas outras coisas paga-se em impostos (casa, carro, redes de água, saneamento, telefone, eletricidade, portagens, transação de bens, rendimentos,….).
Defendendo que temos de pagar a quem emprestou, não estando explicado que fosse o bom investimento que trazia mal ao país mas o despesismo dos interesses instalados, que podem deslocalizar quando quiserem, valerá a pena apontar caminhos que deem vida aos que fazem com o que Portugal exista. A solução não passará por ficarmos sem acesso ao essencial, à vanguarda de produtos para o país que é preciso continuar a desenvolver.