Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A força da rua ou a rua sem força


Estamos claramente num impasse.
Deixaram que os apoios da, então, CEE e, agora, da União Europeia não tivessem os efeitos que se pretendiam (ou terão tido?!): renovar, reestruturar, inovar, criar um quadro de desenvolvimento a médio-longo prazo!
O país, como foi amplamente debatido na RTP1, na madrugada de segunda-feira passada, nos “Prós e Contras”, não tem nenhuma estratégia para nada. Portanto, a máxima que faz plano de qualquer gestão, pelo menos pública, é “o que vier, morre”. E morre mesmo.
Quando alguém assume o governo de qualquer coisa, é quase certo que tem de começar tudo do zero ou começa mesmo por não haver nada planeado. Quando há algo planeado, vem sempre alguém que se encarrega, por inércia, falta de visão, impreparação, ignorância ou bem do próprio, de destruir tudo o que existe.
A pescada de rabo na boca deveria substituir a Esfera Armilar em todos os símbolos nacionais. Se não é o que melhor carateriza a gesta lusa andará lá muito próximo – é com consternada tristeza que o constatamos!
Um plano estratégico implicará sempre, no mínimo, três premissas motivacionais: disciplina, organicidade (rigor estruturante dinâmico) e metas! Não dá em terras de Afonso Henriques!
Daí que tenhamos a sensação, experimentada, como milhões de portugueses, que a “Rua” (em maiúscula e com aspas, dada a simbologia aqui apresentada), por mais ampla e consensual que seja, não tem força. Se o tivesse também estaria desgraçada. As forças que têm A força, passe a redundância intencional, deslocar-se-iam para outras paragens deixando este retângulo entregue a si próprio, um pouco como a Indonésia fez quando deixou Timor ou, para ser menos radical na visualização da realidade, como ficavam as cidades depois da reconquista!
Em síntese, só assumindo, por referendo, que queremos ser donos do nosso destino, ficar sem comodidade durante os largos meses, perder a capacidade de viajar, ter bens imprescindíveis nas sociedades ocidentais, voltar a consumir o temos ou podemos adquirir, viajar até onde os próprios meios (a pé, por tração animal ou mecânica) permitem,… só assim podemos recuperar a dignidade.
A força está em quem nos subjugou em nome de bens que já não somos capazes de prescindir de livre vontade. Por isso, custa tanto estar a perdê-los sem querer.
Um governo com coragem, dir-nos-á a verdade do tamanho das nossas dívidas e dependências; lança um referendo para optarmos por condenar os culpados e assumir os estragos consequentes; e, posteriormente, coloca-nos a trabalhar no que nos pode retirar do jugo opressor dos senhores do mundo, dos agiotas, dos usurpadores que mandam e manipulam Rua da nossa vida comum e individual. Ninguém nunca o foi sozinho. Voltar ao zero ajudar a sair do esclavagismo instalado docemente, uma espécie de eutanásia lenta!








sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Setembro e a educação

 
Atravessámos décadas em que, por estes dias, a discussão maior, à volta das famílias e orçamentos familiares, centrava-se na aquisição dos livros (manuais escolares e associados, entenda-se) para o novo ano escolar ou letivo que se iniciava implacavelmente até 15 de setembro, como é de lei.
Progressivamente, a tónica foi colocada noutra preocupação, na escola para os filhos; as vagas que existiam, ou não, para dar resposta às novas realidades, às mudanças que se operavam: filhos que entravam pela primeira vez no sistema de ensino, que tinham de fazer opções vocacionais-alteração do plano curricular; alterações (morada, profissão,…) na vida, pura e simplesmente.
No primeiro caso, passou a ser um assunto parcial por dois motivos. O primeiro, muito objetivo, os manuais passaram a ser plurianuais – uma medida política que se reclamava há muito; o segundo, um pouco mais subjetivo, a falta de liquidez financeira obrigou a maior contenção nos gastos de férias, portanto, passou a existir algum fundo de maneiro para o essencial. É o reflexo da malfadada pedagogia das crises, ou do equilíbrio no erro!
Quanto à segunda situação, é notório que já há espaço educativo a mais para a população discente que o país tem. Em consequência, remediadas as situações pontuais, muitas vezes provocadas pela incúria dos gabinetes de Lisboa e delegados, há lugar para todos. Corrija-se, cada vez há mais lugar para todos.
Nos tempos recentes a educação passou para o excesso de docentes! Lamentável.
É lamentável que um país desenvolvido e com tantas recomendações e estudos feitos não consiga ter massa crítica e decisória suficiente para planificar os seus ativos! Partindo do princípio que a educação não é para fechar – premissa que não custa nada admitir, mesmo sendo energicamente inaceitável a hipótese, face a algumas teorias macro sociais e económicas que vão sendo afloradas – há 20 anos que se sabe o que se pode produzir em termos de ensino básico e secundário.
Hoje há, em todas as áreas da ação do Estado, profissionais enganados pelo próprio “aparelho” porque não há um plano estratégico para setores-chave do próprio Estado. - Admitindo, contudo, como importante, que cada um e cada uma tem responsabilidade pessoal no assunto, deve-se estar atento, dado que “quem vai para o mar avia-se em terra”!
Na educação bastava atender a: diminuição da taxa de natalidade, número de alunos, ofertas educativas estruturantes, situações sociais a contemplar, aumento da idade da reforma, mutação nos direitos de carreira (o menos importante e imprevisível).
Assim, em setembro custa ver milhares de professores totalmente desmobilizados: uns para fora (da escola), depois de décadas de prestação de serviço, outros para dentro (da escola) mas com a mesma motivação porque estão a ser conduzidos como que para o cadafalso, que muda rapidamente de posição, bastante arbitrário e opinatório.
A educação em setembro deixa-nos todos a perder; a perder, desde logo, o futuro!
 
(in Correio do Vouga, 2012.09.05)