Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Não há ambiente

 
É comum, como desbloqueador de conversação ou constatação de facto, utilizar-se a expressão (não há ambiente) com alguma criatividade semântica. Poder-se-á dizer que o contexto onde determinada situação pode ocorrer não tem todos os requisitos para que tal se proceda; poderá querer-se ironizar com as circunstâncias, gerando na negação como que uma antítese. Por fim, há coisas que saturam tanto que fazem o ambiente irrespirável - a congeminação na projeção (mecanismo de defesa, da psicologia) é uma delas!
Não há ambiente que resista aos sucessivos desmandos e atrasos na aplicação das resoluções que consiga resistir até 2020, como agora se discute na cimeira do Qatar - segunda-feira, dia 26 de Novembro, em Doha, no Qatar, e prolonga-se até dia 7 de Dezembro (eventualmente estendendo-se até domingo, dia 9), a mais importante reunião anual mundial sobre clima, a 18ª Conferência das Partes (COP18) da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Pode ler-se no sítio on line da Quercus: os acordos alcançados em Durban, em 2011, relançaram a esperança em ultrapassar a desilusão que marcou a Cimeira de Copenhaga em 2009. Há assim a possibilidade de recolocar o mundo num caminho de emissões reduzidas, pronto para tirar partido das oportunidades que surgem pelos novos mercados e inovação tecnológica das tecnologias limpas, pelo investimento, emprego e crescimento económico.
Contudo esta janela de oportunidade estará aberta por pouco tempo. Para tirar partido deste potencial são necessárias ações decisivas na COP18. O nível de ambição a curto prazo tem de ser mais elevado e é imperativo que seja acordado um calendário de negociações de modo a alcançar um regime climático global justo, ambicioso e vinculativo em 2015.
Esta semana, a Agência Europeia do Ambiente alertou para o facto das alterações climáticas estarem a afetar todas as regiões da Europa, causando múltiplos impactes na sociedade e no ambiente, danos que, no futuro, poderão ter custos elevados.
Os maiores investidores mundiais pediram aos governos para intensificarem a sua ação contra as alterações climáticas e para aumentarem o investimento em energia limpa, de modo a evitar um impacto que custará milhões à economia.
Para usar da trágica ironia, não há ambiente que resista às diatribes do “Executivo” da Câmara Municipal de Aveiro! Serviço público, local, e os cidadãos sé podem …'ESPERAR SENTADOS'
Das “redes sociais” entende-se que após solicitação feita à CM Aveiro, no sentido dos moradores do Albói serem esclarecidos quanto ao verdadeiro projeto para o Largo Conselheiro Queirós, no prazo de 48 horas, e ultrapassado esse tempo, os mesmos continuam sem obter qualquer resposta?!
Assim, depois de reunirem, concluíram encetar novas formas de protesto. Ficou então, agendado para o dia 26 de novembro, que, a partir das 14h, todos os moradores e amigos disponíveis fossem "ESPERAR SENTADOS" no Largo Conselheiro Queirós.
Juntaram-se (neste protesto), levaram uma cadeira e... "ESPERARAM SENTADOS".
E esperaram mesmo! Isto é, indignados puseram-se a caminho, agiram!
Estas e tantas outras faltas de ambiente, dão lugar à indignação.
(in Correio do Vouga, 2012.11.28)






quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Distinção e solidariedade


Distinção. Chama a nossa atenção a Semana Europeia de Prevenção de Resíduos 2012, que decorre entre 17 e 25 de novembro.
A Semana Europeia da Prevenção da Produção de Resíduos (SEPR) é um projeto europeu a três anos e conta com o apoio do programa LIFE+ da Comissão Europeia, cujo objetivo é sensibilizar ao máximo a população para a problemática dos resíduos, em particular a prevenção, com diversas iniciativas, como animações, workshops, e outras atividades sobre esta temática.
Estas ações visam ajudar a compreender o significado da prevenção de resíduos e a motivar a responsabilização de cada cidadão. São dirigidas a diferentes proponentes do projeto, agrupados em diversas categorias, que deverão adaptar devidamente as propostas ao público-alvo e ao contexto de cada país e/ou região, nomeadamente Administrações, autoridades públicas; Associações, ONG, redes europeias; Empresas, indústria; Comunidade escolar: escolas, centros recreativos; outras.
Solidariedade. Vem na consequência do item anterior. Por mais voltas que se pretenda dar à questão, mesmo com estudos encomendados sabe-se lá com que intenções, o ambiente está a mudar. Esta semana notou-se mais um episódio – como se fosse necessário! – com maior incidência em Silves e Lagoa, no Algarve. O tornado que se abateu provocou sofrimento e prejuízos para as pessoas e instituições. Tudo isto exige a nossa solidariedade.
A solidariedade é requerida pelos acontecimentos consequentes mas também pela generosidade de uns para com outros, os cidadãos de Silves, que, ao apelo de um político autarca, responderam afirmativamente dando um exemplo de cidadania altamente louvável. Nem deram tempo ao lamento ou carpição. Obtidas as devidas autorizações, eis como um povo faz uma manifestação de querer, de vontade, demonstrando a ousadia de provar quanto é justo que um país pode erguer-se, tal como as pessoas, quando não falta a maior grandeza do ser humano: conhecimento e vontade transformados em generosidade.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

A Convenção de Merkel


O cidadão comum não percebe onde está a verdade. Qual a mensagem libertadora da confiança agrilhoada!

Entre nós esteve uma Chanceler Europeia – sem qualquer veleidade, relembramos que esta designação, por ter uma inspiração clássica, terá tendência, face ao que está em desenvolvimento, a ser aplicada a todo o império.

Façamos um pequeno exercício de pesquisa livre…

Na Roma Imperial dava-se o nome de cancelarius a cada um dos secretários imperiais que se colocavam atrás das cancelas (cancelli) que separavam o público do recinto onde o imperador fazia justiça.

Em diversos estados medievais da Europa, o título de chanceler ou cancelário foi atribuído a altos funcionários da coroa, que desempenhavam funções semelhantes às dos atuais primeiros-ministros. O chanceler tinha, normalmente, à sua guarda o selo do Monarca, sendo responsável por selar, por a chancela, os documentos mais importantes do Estado.

Também em algumas ordens militares, o chanceler era o oficial mais elevado.

Atualmente o título de Chanceler continua a ser usado, com vários sentidos, em diversos países e instituições. Em alguns casos assume o papel de Imperador ou Chefe do Conselho. Quantos perigos nesta confusão de sentidos?!

Nada custa, portanto, aceitar o título imperial que a Alemanha deseja ver concretizado: uma Alemanha Imperial.

Este movimento da “Chancela”, entre outros incómodos, provoca dois motivos de apreensão porque reflete dois percursos encapuzados que veladamente estão a alterar, a subverter o rumo da história e das instituições europeias, transformando-se em autênticos embustes para os cidadãos.

O primeiro é o da credibilidade da ética política na construção da Europa, da União, dos Tratados. Serão verbos de encher!?

Onde está o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança (Catherine Ashton)? E a Presidência do Conselho Europeu (Herman Van Rompuy )? E o Presidente da Comissão (José Manuel Durão Barroso)?! O vazio e difusão das competências deve-se a falta de consensos na concretização dos Tratados ou é intencional para dar espaço a este desvario?

A segunda questão é, para variar, sobre o esvaziamento de conteúdo substancial do quadro ideológico da Europa. Um Continente desnorteado, sem norte, cada vez mais nacionalista, longe das pessoas e dos seus problemas. A única medida de força está no dinheiro, no Euro, na desgraça do mesmo; nas Finanças;…

Num mundo cheio de informação, será à volta destas questões que se pode compreender porque é que não se consegue vislumbrar uma ideia, uma estratégia similar, para o futuro comum, entre a Convenção do Bloco de Esquerda, por exemplo, e a “Convenção” Merkel em Portugal. Estes dois “reencontros” são indicativos do que se passa hoje numa Sala de Aula: o professor, cheio de boa vontade, qualificação e zelo profissional; uma maioria de os alunos cheios de informação mas cada vez mais com menos sentido comum; do outro uma minoria de alunos pautados pela vontade e determinação na aquisição e desenvolvimento de conhecimentos, novos conteúdos, que habilitem para responder a um futuro melhor, mais desenvolvido, mais solidário, mais justo. Mesmo com recurso à formulação metafórica, não é percetível quem está a desempenhar o papel que serve melhor a todos. Não há comunicação, apenas monólogos irritantes!

Assim, … a caravana (apenas) continuará a passar! E em vez de evocarmos que o tempo das vacas gordas já foi, deveríamos estar empenhados em engordar as escanzeladas!

(in Correio do Vouga, 2012.11.14)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Suspensos por ter

 
Possuir qualquer coisa foi desde sempre a ambição, legítima, do ser humano. A Terra, na sua amplitude, era um território e fonte de riqueza a explorar. Afinal, o Jardim do Éden estava ali! A questão fulcral de Carlos Mesters (Paraíso terrestre, saudade ou esperança?) poder-se-ia considerar uma longa metragem de saudade.
Como é reconhecida, a legitimidade em ter algo individual teve várias etapas, quadros reducionistas (longos períodos tudo era posso do soba, do soberano), até que as classes ficaram acentuadamente heterárquicas.
Hoje, a consciência do mundo (de quem a tem!) exige uma passagem de proprietário a administrador, um administrador justo, que respeita o património, em que haja a justiça distributiva e redistributiva.
É claro que o Éden está a revoltar-se! A “luta de classes” ganhou nova centralização: a revolta instalou-se dentro da própria natureza. Os elementos não poupam que tem ou quem não tem.
Até há pouco tempo, o que acontecia aos pobres e indigentes era visto com misericórdia, ativador de solidariedades sinceras e duvidosas, quase sempre alinhadas em interesses associados a golpes de marketing, sem com isso desconsiderar as migalhas que mitigam as necessidades de quem mais precisa. O impacto mediático é o outro nome da solidariedade.
A pobreza, a fragilidade, do mundo está muito perto de cada um. Assim, uma hecatombe em Nova Iorque é a mesma coisa que no Bangladesh! – não queríamos acreditar noutra coisa.
Apesar das limitações (e virtudes) do ser humano deverem ser tratadas por igual, somos levados a pensar que as variáveis estarão no pressuposto de quem nada tem nada perde, e os que têm alguma coisa perdem muito! Mas o estado dos Estados, muitas vezes acumulado em consequência da exploração selvagem, faz a diferença a favor do mais forte; até aqui, em estado de sobrevivência, como sempre, há senhores e vassalos?!
Seria extremamente vantajoso aproximar as distâncias – nada de novo, uma verdade de La Palisse (Senhor de La Palice) – para evitar as disparidades desta ordem. Mais equilíbrio nivelado por cima, por qualidade, ainda é possível.
Apesar de tudo, é sobre isto também que o mundo ocidental está à espera: que os povos dos Estados Unidos e da Alemanha orientem as escolhas (sufrágio eleitoral) para o seu futuro proporcionando líderes sensíveis à solidariedade social, à justiça social, evitando a exploração desenfreada.
Aguardamos suspensos… porque o pouco que a maioria tem, parece ser opulência (viver acima das possibilidades?!) aos olhos da minoria que possui tudo!
(in Correio do Vouga, 2012.11.07)