Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

À sétima é de vez?

 
Começou na passada segunda-feira mais um exame – da “troca”, mais do que “troika” (trocam umas migalhas por uma grande fornada de pão, aquele que está a faltar à mesa de todos nós)!
Fica-se com a impressão, apesar dos propalados bons resultados, que isto é circo mediático. Ninguém explica e poucos perceberão em que se baseiam para atribuir as classificações, sempre com notação qualitativa – deve ser para aumentar a margem subjetiva ao assunto! Serão umas ideias anunciadas em papel de jornal!? Talvez haja uma “checklist” de indicadores onde os governantes e a “troika” verificam se está tudo em ordem! Porém, a lista é em dimensão “short”, qualquer coisa como “nós demos, vocês estão a ir buscar a todo o lado, nós vamos dar mais qualquer coisa; é seguro que, até voltarmos, somos ressarcidos”!
O assunto é demasiado sério para a coesão social do País, da Europa, do Mundo. Esta linha de atuação causa perplexidade por todo o lado.
A sétima avaliação fica marcada pela recente revisão das previsões para a economia portuguesa, feitas pela Comissão Europeia, que colocam agora a economia a recuar 1,9%, contra uma previsão anterior (partilhada pelo Governo) de uma recessão de 1%, o que fará disparar o desemprego para uma taxa de 17,3%.
Perante estes números, também os dados da consolidação orçamental ficaram comprometidos sendo de esperar, tal como o ministro das Finanças afirmou na quarta-feira, dia 20, no Parlamento, que Portugal possa vir a beneficiar de mais um ano para atingir um défice inferior a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Para já, as previsões da Comissão Europeia continuam a apontar para que esse objetivo venha a ser alcançado em 2014, com o défice a fixar-se nos 2,9% do PIB e não nos 2,5% anteriormente previstos.
A Comissão reviu ainda os números para 2013 e, em vez de apontar para um défice de 4,5%, aponta agora para um valor de 4,9% do produto.
Estas fórmulas estão a dar muito mau resultado, tanto aqui como noutras latitudes: pobreza arrasta pobreza. O custo do desenvolvimento será a pobreza?
O Presidente dos EUA afirma que os cortes na despesa, que poderão ser implementados na próxima semana, “não são inteligentes” e podem pôr em causa empregos.
Paul Krugman, Nobel da Economia diz que defensores da austeridade estão a parecer cada vez mais "insolentes e delirantes". Não percebe a "paixão europeia" pela austeridade a vontade de prosseguir uma austeridade sem limites é o que define a respeitabilidade nos círculos políticos europeus. Seria ótimo se as políticas de austeridade estivessem efetivamente a funcionar - mas não estão.
As teorias do pleno emprego e do valor-trabalho, preço dos bens essenciais de consumo (principalmente alimentos) é determinado pela quantidade de trabalho necessário para a produção), apesar das limitações e críticas no seu tempo, voltam a ganhar atualidade porque, por culpa de uns poucos que tudo querem (eles comem tudo, Zeca Afonso!), estamos à beira da ruptura, do desastre.
Com toda a vontade de andar por diante, estas contas dão cabo da paciência a qualquer cidadão.
O enunciado do exame da “troika” – inspirado, com devida vénia a Almeida Garrett e quem o atualiza, logo se vê - só tem uma pergunta: quantos pobres são necessários para se produzir um rico?
(in Correio do Vouga, 2013.02.26)












sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Carnaval e Pagode

 
É voz corrente que não é com atos carnavalescos, no sentido popular da expressão (coisas burlescas que se toleram em nome da diversão, do convívio social), que o país recupera a sua competitividade laboral e força produtiva. É óbvio que com a justiça mais eficiente, a administração (pública e privada) menos burocrática e “garantivista” (é necessário provar tudo porque não há prática de cruzamento de dados dentro dos mesmos serviços, muito menos em rede entre serviços diferentes), incentivos e supervisão eficaz à produção, o país seria mais rico num ano do que em toda a vida a brincar ao carnaval e feriados!
Neste tempo, como se constata, sendo o Carnaval uma festa de grande interesse nas sociedades, relevante na economia local e nacional, em alguns países, em nome do crescimento económico e consolidação orçamental, faz-se de conta que não é feriado mas no dia as instituições fecham, dão tolerância de ponto e, mesmo quem tem de cumprir os mínimos para não sofreram represálias ou assegurar o serviço, acabam por viver em carnaval no posto de trabalho.
É um pagode!
Um pagode em toda a sua latitude etimológica (consulte-se um lugar em rede e procure-se “pagode”: templo ou monumento memorial budista, composto por uma torre com múltiplas beiradas; moeda de ouro utilizada no Sul da Índia no século XVI; estilo musical, variedade do samba; festa, por extensão, roda de samba, reunião de sambistas; pagode de viola, também conhecido como pagode caipira ou pagode sertanejo - estilo musical, variedade da música sertaneja, inventado e difundido por Tião Carreiro – impactos do Brasil).
Em síntese, para o Carnaval, com toda a preparação e expressão, demora tempo a ser organizado e vive-se em três dias, como é facilmente constatado.
É por compreendermos a longa preparação destes três dias, até exige tentativas empíricas sobre o que fica melhor, que se percebe a troca do hino português pelo espanhol, no brasil, quando todos esperavam pelo hino espanhol, no início de uma partida de basquetebol entre o Brasil e Espanha, foi o hino português que se fez ouvir; e o momento insólito quando António Félix da Costa subiu ao pódio, depois de ter conquistado a Taça Intercontinental da FIA em Fórmula 3, quando tudo esperava ouvir «A Portuguesa», e tocou o hino da Suécia; a inversão da bandeira portuguesa no hastear do “5 de outubro”; os pagodes chineses estampados na Lusa Bandeira, entre as que estão alinhadas às portas do Conselho Europeu; as loucuras orçamentais para gastos de algumas “ Castas” superiores do nosso Estado;…. São coisas inerentes aos preparativos de Carnaval!
Sem um certo pagode, isto não seria tão carnavalesco.






segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Obreiros da paz


Quando chega o verão, é recorrente ouvir o elogio a quem acorre a socorrer aqueles que mais precisam. Também aqui, neste apontamento, já fizemos referência aos soldados da paz, aos Bombeiros.
Em pleno Inverno as coisas são diferentes, algumas vezes indiferentes.
Neste Inverno, os Bombeiros Velhos de Aveiro apresentaram novos veículos na celebração dos seus 131 anos de corporação. Um veículo tático urbano avaliado em 115 mil euros e uma ambulância de transporte de doentes não urgentes orçada em 35 mil euros foram as prendas mostradas no dia de festa. Os Bombeiros Velhos assumem que os tempos de crise dificultam a ação mas não perdem de vista novos projetos e a data foi aproveitada para reafirmar a vontade de construir novas soluções no domínio social com a criação de uma cantina e uma biblioteca - noticia a Rádio Terra Nova.
E tomando apenas como exemplo esta cooperação, vimos a referência à realização das “II Jornadas Técnicas de Emergência e Intervenção na Crise, subordinadas ao tema “Catástrofe” na parte da manhã e a “Intervenção Psicológica” durante a tarde.
Também são noticiados torneios e outras atividades de motivação e fortalecimento do sentido de corpo!
Estas notícias conduzem-nos à necessidade de uma visão mais alargada sobre a ação dos bombeiros, a diversidade de solicitações a que ocorrem.
É impressionante, só estes dias em Aveiro, quantas ocorrências, por acidente, crime ou indigência?! Acidentes de gravidade e dimensão diversas, homicídios, tempestade, doentes, mergulho,… uma obra social com contornos humanitários incomparáveis!
Tomámos um exemplo, os Bombeiros, mas queremos ter no horizonte o “efeito icebergue” de praticamente todas as ações humanitárias, com valor filantrópico, fundamento cristão: o que se vê é apenas a ponta de um volume enorme de pessoas, de tantas outras ações que dão suporte, sustentabilidade ao plano de intervenção!
Quando se discute o papel social do Estado e a sua sustentabilidade, perante tantas redes sociais de emergência, quase que somos a suspeitar que o que encarece essa dimensão dos Poderes Públicos não serão as limitações orçamentais das suas ações mas os privilégios dos que estão ao seu serviço!