Em frente, vamos!.
EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...
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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Natal em 2015
Tempo de encontro, de memória, tradição, Fé!
Tempo de paz!?
No respeito pelas diferenças, tempo de renovação de compromissos: temos de fazer mais!
Feliz Natal, amig@s.
LITANIA DO NATAL
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Por fim… o Pátio dos Gentios
domingo, 6 de dezembro de 2015
O “perigo” desta Misericórdia
A explicitação com recurso ao demonstrativo (d´esta) ganhou atualidade, a propósito da economia reinante, na “Evangelii Gaudium".
Pois na abertura do Ano da Misericórdia acentua-se o apelo à mudança profunda na interpretação das ações consagradas em doutrina: “poderemos fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática. Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo actual! Quantas feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos. Neste Jubileu, a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas. Não nos deixemos cair na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói. Abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda. As nossas mãos apertem as suas mãos e estreitemo-los a nós para que sintam o calor da nossa presença, da amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o nosso e, juntos, possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente reina soberana para esconder a hipocrisia e o egoísmo” - da Bula convocatória, nº 15.
Isto é perigoso. Este homem é perigoso! Vai ao encontro dos que precisam, sai do que poderia ser considerado “zona do conforto” (segurança, poder, esquemas mentais, dinâmicas de rotina, “status” social, delimitação conceptual, saudosismos inveterados de monopólios,…)! É um perigo, pelo que faz e como o faz, para ele e para os outros. Quem concorda mobiliza-se, quem não concorda sente-se desmobilizado. E há uns tantos que se deixam consumir (enquanto podem) pelo sentimento perdido “assim não vamos lá” – são aqueles, quais náufragos, que se agarram a umas pequenas tábuas que flutuam à sua volta na convicção que excluindo estão a agir como certo (no fundo não mais do que medo do seu próprio futuro: afundarem-se).
O perigo ganha expressões que parecem ainda mais acentuadas com comparações que andam por aí em “remember” assustador. Escrevia no Público Alexandra Lucas Coelho “O PREC (processo revolucionário em curso) do Papa em 2015”: O que aconteceu na República Centro-Africana, segunda-feira, foi que o Papa Francisco atravessou um cerco de milícias cristãs armadas para ir ter com os muçulmanos enclausurados lá dentro. A capital do país é Bangui, o cerco acontece num bairro chamado PK5, que se tornou o reduto dos últimos muçulmanos, depois de as milícias cristãs terem forçado mais de 100 mil a fugir, entre vários massacres. A violência dessas milícias é uma resposta à violência da coligação de rebeldes muçulmanos que governou o país durante uns meses de 2013. Foi este ciclo de violência que Francisco procurou quebrar, transpondo o cerco de pé num carro descoberto. E chegando à mesquita central disse “Deus é paz, salam”, “somos irmãos e irmãs”. O PÚBLICO citou o que um velho muçulmano, Idi Bohari, disse à Agência France Press: “Pensávamos que todo o mundo nos tinha abandonado, mas ele não nos abandonou. Ele também nos ama, aos muçulmanos, e eu estou muito feliz.”
Isto está mesmo estranho: estar fora do “direitinho” é um perigo revolucionário!
(in Correio do Vouga, 2015.12.08)
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
A restauração
Passou mais um “Primeiro de Dezembro”: restauração da independência (perdida para Espanha).
A morte de D. Sebastião, em Alcácer Quibir, sem deixar descendência, concorreu para a perda da Independência de Portugal. Sem um sucessor direto, a coroa passou para Filipe II de Espanha. Este, aquando da tomada de posse, nas cortes de Leiria, em 1580, prometeu zelar pelos interesses do País, respeitando as leis, os usos e os costumes nacionais. Com o passar do tempo, essas promessas foram desrespeitadas, os cidadãos nacionais foram perdendo privilégios e passaram a uma situação de subalternidade em relação a Espanha. A situação levou à organização de um movimento conspirador para a recuperação da independência, onde estão presentes elementos do clero e da nobreza. A 1 de Dezembro de 1640, um grupo de 40 fidalgos introduz-se no Paço da Ribeira, onde reside a Duquesa de Mântua, representante da coroa espanhola, mata o seu secretário Miguel de Vasconcelos e vem à janela proclamar D. João, Duque de Bragança, rei de Portugal. Terminavam, assim, 60 anos de domínio espanhol sobre Portugal. A revolução de Lisboa foi recebida com júbilo em todo o País. Restava, agora, defender as fronteiras de Portugal de uma provável retaliação espanhola.
Esta nota-síntese de (mais) um momento marcante da nossa história conduz-nos ao pensamento sobre outros movimentos de restauração – pensar crítico e com alguma bonomia sobre assuntos concordantes e discordantes.
A luta travada para que a Ocidental Praia Lusitana continuasse a evoluir de cabeça erguida (ainda falta resolver Olivença!) e a discussão sobre se valeu a pena parecem de somenos importância quando o dia “1 de dezembro” ficou reduzido a uma espécie de “Black Friday” português – com o início de dezembro surgiam as compras de Natal em massa, eram oficiosamente inauguradas as Festas! E a vertente comercial trazia o povo para a rua e, com ele, também a (outra) restauração beneficiava – este uso terminológico provem do francês restaurant, que terá surgido no século XVI, com o significado de "comida restauradora", querendo designar especificamente uma sopa. O uso moderno da palavra surgiu por volta de 1765 quando em Paris abriu um estabelecimento para servir comida, em oposição/complemento ao único local (para além das pousadas e tavernas) onde se podia adquirir comida pronta para consumo para além da cozinha de rua – também em processo de restauração no século XXI (“street food”).
A Restauração vai ser restaurada (com reposição de feriado, com redução da taxa do IVA,…) e, deseja-se, que mesmo uma República não esqueça a história que a precede em sistema de Estado e a projeta em comunidade (de diversidades, de minorias e maiorias em igualdade de oportunidades, em tratamento justo em ordem ao bem comum e não apenas ao serviço de algumas opiniões ou tendências para parecer “cool” ou “fashion”).
Vamos lá restaurar, Portugal! – com ou sem vírgula?
(in Correio do Vouga, 2015.12.02)