Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

Páginas

terça-feira, 30 de junho de 2015

O tempo da esperança

M. Oliveira de Sousa  |  Justiça e Paz - Aveiro

Vivemos cada dia com a convicção de que amanhã há uma nova manhã; uma madrugada de esperança. Cantamos em silêncio, envolvidos na rotina, que o caminho feito é garantia para o que falta percorrer. Quem pode abonar o decurso da natureza?!
Ser mais em cada dia porque basta um homem bom para haver esperança!
As pessoas parecem já não acreditar num futuro feliz nem confiam cega­mente num amanhã melhor a partir das condi­ções atuais.
Troca-se o momento pelo sonho! 
A humanidade, mesmo na mais pequenina beleza, sonho e anseio, muda profunda­mente, e o avolumar-se de constantes novida­des consagra uma fugacidade que nos arrasta à superfície numa única direção. Torna-se difícil parar para recuperarmos a profundidade da vida: nós! A alteridade interpelante.
O urgente desafio de proteger a nossa casa é a preocupação de unir em busca do que sabemos poder mudar. Porque o tempo que dedicamos à nossa flor é que a torna tão bela - diz o Principezinho!
Quando assaltados por dúvidas e desorientações, desvele-se que é ao entardecer, quando passou a fugacidade da luminosidade - não confundível com a intensidade da luz - que vemos se valeu a pena o dia percorrido! Tal só é equacionável se a intensão dos momentos não se sobrepõe à totalidade do tempo.
Caminhemos cantando; que as nos­sas lutas e a nossa preocupação por este tempo não nos tirem a alegria da esperança!

 (Inspirado na Laudato Si e outras oportunidades)

(Correio do Vouga, Julho 2015)

quarta-feira, 24 de junho de 2015

A casa comum




A latitude da casa é muito variável.
A semana, chegando mesmo a ser afirmado que o ano de 2015, ficará marcado pela casa comum que o Papa Francisco apela à urgência no seu cuidado, na Encíclica “Laudato Si” (Louvado Sejas) – título inspirado no Cântico das Criaturas do Pobre de Assis, S. Francisco.
O mundo ficou rendido à beleza e oportunidade do documento. É enaltecida a importância poética, teológico-pastoral (sobretudo a dimensão de pecado, mencionado uma dezena de vezes    Francisco cita o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla, São Boaventura, João Paulo II,  Bento XVI) e, sobretudo para quem quer ver a Encíclica na prateleira laicizante da esfera do privado, o compromisso da consciência ambiental de cada um.
Grande parte do mundo, curiosamente passada cerca de uma semana do 124º aniversário da Rerum Novarum de Leão XIII (15 de maio de 1891), aprofunda a matéria com uma unanimidade que a precursora da Doutrina Social da Igreja não teve no seu tempo e que agora notam-se os assuntos contestados à escala global o que, não altura o Papa de Carpineto Romano, já pre-anunciava em grande medida: exploração desenfreada dos recursos e das pessoas sem considerar a justiça social de uns e de outros.
A Comissão Justiça e Paz promove a apresentação da Encíclica no próximo dia 29. Surgirão interpelações de várias leituras que resguardamos por agora.
A administração da casa comum também não pode deixar de evocar a memória, para que não caíamos nos mesmos erros! A título de ilustração apontamos dois exemplos de Memoração. O Prémio Nélson Mandela, criado em 2014 e pela primeira vez atribuído, e logo a um português (Jorge Sampaio). Também uma curiosidade com a mesma matriz temática (casa comum) o projeto Casa Comum, da Fundação Mário Soares, que disponibiliza na Internet, de modo simples e rápido, documentação histórica de diferentes países da CPLP, criando um espaço de diálogo e de memória das nossas Culturas e da História.
E não podemos deixar de evocar uma reportagem sensibilizante e altamente ilustrativa do que se pode fazer com tão pouco para o mesmo cuidado (tantas vezes mencionado pelo Papa). Pensando nas palavras de Francisco “A conversão ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança duradoura, é também uma conversão comunitária. Esta conversão comporta várias atitudes que se conjugam para ativar um cuidado generoso e cheio de ternura. Em primeiro lugar, implica gratidão e gratuidade, ou seja, um reconhecimento do mundo como dom recebido do amor do Pai, que consequentemente provoca disposições gratuitas de renúncia e gestos generosos, mesmo que ninguém os veja nem agradeça.” – pensamos claro no Dr João Almiro e na reportagem sobre o cuidado da sua casa: "A Casa das Andorinhas". Uma reportagem que passou esta semana na TVI.
A casa comum tem muitas divisões. Isso não é um problema, é uma oportunidade no saber cuidar!