Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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quarta-feira, 30 de março de 2016

O sagrado e o profano





Várias “passagens” (os acontecimentos de Bruxelas à cabeça) estão a provocar espanto! Vê-las à luz de outra Páscoa tornará o assunto um pouco mais compreensível? “Algumas coisas são explicadas pela ciência, outras pela fé. A Páscoa ou Pessach é mais do que uma data, é mais do que ciência, é mais que fé, Páscoa é amor.” - Albert Einstein
Sente-se tanta interpelação, pura perplexidade, incredulidade:
Ter-se-ão invertido os papéis (desempenhos, princípios,…) na ordem das coisas? Poderá ser sinal de evolução, avanço da cultura e das civilizações, sinal dos tempos (de cada tempo),…?! Pode ser tudo e tudo ser muito bom! Porém, há duas questões fundamentais que continuarão a sê-lo (fundamentais): sobre a legitimidade do poder de ordenar? Qual é a ordem certa?
Partir da premissa que há lugar para esta discussão já é admitir outra coisa que não o caos, a desordem, a anarquia!
Portanto, assumamos que há uma natureza (com maiúscula para quem aceita ir além do imanente) que dá equilíbrio à vida de cada dia no seio do conjunto para que possa ser vislumbrado um fio condutor na procura da harmonia, da convivência da diversidade, no equilíbrio das espécies! E isto é sagrado!
Sim, o encontro do sagrado tem de ser fixado na busca da fraternidade, do amor (nas palavras de Einstein), como a Ressurreição triunfa sobre o calvário, os calvários em duas epifanias:
Sobre Bruxelas, com certeza um choque de futuro, recordando Alvin Toffler, se pensarmos como estados teocráticos lidam com a diversidade religiosa, cultural,… [Foi notícia em novembro do ano passado que a Arábia Saudita decretara pena de morte para quem usasse, transportasse, tivesse em seu poder a Bíblia?!];
Sobre o dia-a-dia, nestes momentos de matriz cristã em que até os Dias Santos/ feriados são repostos, o que é sagrado agora – logo agora!? – é o descanso, são as férias, é a viagem a fazer,… tudo o que é profano! Portanto, o profano, finalmente, consuma-se: confunde-se com o sagrado!
Teremos chegado, então, ao fim da história/parusia?!

terça-feira, 8 de março de 2016

A mulher





A evocação presente por um dia assinalado não é de aceitação incontestável. Há mulheres que concordam, há mulheres que discordam. Há opiniões divergentes e complementares nos vários espaços sociais. Contudo, continuam a existir desigualdades, o que nem é exclusivo ao 8 de março! Merece, no entanto, que sejam eliminadas todas as barreiras de discriminação negativa: as fronteiras que matam a dignidade, isto é, assumindo o pensamento de Kant (1724-1804), o valor de que se reveste tudo aquilo que não tem preço, ou seja, que não é passível de ser substituído por um equivalente. Dessa forma, a dignidade é uma qualidade inerente aos seres humanos enquanto entes morais e éticos. A dignidade é totalmente inseparável da autonomia para o exercício da razão prática.
Sem voltar à história (do dia) – já o fizemos outras vezes – enalteçam-se, neste, todos os movimentos que suscitam caminhos de aproximação, de encontro e reencontro que recuperam tudo quanto se é em sim mesmo (como o (i)mortaliza “O Que Tu És...”, de Florbela Espanca, no “Livro de Sóror Saudade") para transformar a realidade envolvente:

És Aquela que tudo te entristece
Irrita e amargura, tudo humilha;
Aquela a quem a Mágoa chamou filha;
A que aos homens e a Deus nada merece.

Aquela que o sol claro entenebrece
A que nem sabe a estrada que ora trilha,
Que nem um lindo amor de maravilha
Sequer deslumbra, e ilumina e aquece!

Mar-Morto sem marés nem ondas largas,
A rastejar no chão como as mendigas,
Todo feito de lágrimas amargas!

És ano que não teve Primavera...
Ah! Não seres como as outras raparigas
Ó Princesa Encantada da Quimera!...

(PS: a propósito deste dia 8 de março de 2016, sugerimos uma visita ao trabalho da Lusa sobre os dados do portal estatístico Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos)